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Sinais de vida em gosma vulcânica azul surpreendem cientistas; Entenda

Sinais de vida em gosma vulcânica azul surpreendem cientistas; Entenda

Divulgação/Equipe Científica da Expedição SO292/2

Após coletar fragmentos de gosma vulcânica no fundo do Oceano Pacífico, pesquisadores encontraram microrganismos vivendo e prosperando em condições extremas. A descoberta, liderada por pesquisadores alemães, pode trazer pistas sobre as origens da vida. O estudo foi publicado na revista científica Communications Earth & Environment em meados de agosto.

Os pedaços foram coletados a cerca de 3 mil metros de profundidade, próximo à Fossa das Marianas, o ponto mais profundo dos oceanos. Além da cor azulada, a lama apresenta um pH extremamente alto. Em contato direto com a pele humana, a gosma causaria queimaduras. Mesmo assim, há microrganismos vivendo na “paz” desse lugar.

“É simplesmente emocionante obter informações sobre um habitat microbiano como esse, porque suspeitamos que a vida primordial pode ter se originado exatamente em locais assim. O que é fascinante é que a vida sob essas condições extremas, como pH elevado e baixas concentrações de carbono orgânico, é até possível”, destacou uma das autoras do estudo, Florence Schubotz, geoquímica orgânica da Universidade de Bremen, em comunicado.

Estudo da gosma azul
A gosma foi coletada em 2022 pelo navio de pesquisa alemão Sonne. Das nove partes extraídas do vulcão de lama Pacman, duas foram examinadas pelos pesquisadores. A primeira ficava na parte baixa da amostra, com menos contato com a água do mar, permitindo que a cor entre a mistura dos minerais serpentinito e brucita se mantivesse azul.

Já a outra parte ficava mais próxima da superfície. Nesse local, a brucita era dissolvida pelo sal da água, com o sedimento ficando mais verde-azulado.

Em análises feitas na amostra com serpentinito, foram identificadas moléculas de gordura provenientes de membranas celulares de microrganismos – uma espécie de linha de defesa contra as condições extremamente alcalinas do ambiente.

Outro ponto curioso é a adaptação dos seres vivos. Como vivem em ambiente escuro, os micróbios produzem sua própria energia por meio do metano. “Até agora, a presença de microrganismos produtores de metano nesse sistema era presumida, mas não podia ser confirmada diretamente”, revela Schubotz.

De acordo com estimativas, cerca de 15% da biomassa terrestre vem da vida abaixo do fundo do mar. No entanto, cientistas ainda sabem pouco sobre esses seres vivos. Em busca de mais descobertas, novas investigações sobre os micróbios serão realizadas futuramente.

Por: Metrópoles

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