De maneira fria e calma, Iraci Bezerra dos Santos Cruz, 43 anos, contou, na delegacia, os detalhes do assassinato contra a enteada, Rafaela Marinho, 7. A criança foi morta por asfixia na tarde desta sexta-feira (21/11), na Quadra 8 do Setor Oeste da Estrutural.
Iraci relatou que, no dia anterior ao crime, passou a noite bebendo e usando drogas ao lado do namorado, pai da criança. Segundo ela, o relacionamento entre os dois era conturbado, e o consumo de ilícitos perdurou até as 5h de sexta-feira. Às 7h, o pai de Rafaela saiu para o trabalho, em uma construção no Lago Sul.
Já presa depois de apresentar-se voluntariamente, Iraci justificou o crime por ciúme. Disse que a menina teria dito preferir morar com uma vizinha. “Não estava planejando, nem pensando”, respondeu Iraci à delegada, ao ser confrontada sobre a possível premeditação do crime. Acrescentou que teve uma “vontade repentina”.
A assassina confessa detalhou que asfixiou a criança com um cinto e tentou pendurá-la em uma pilastra. “Depois, vesti a roupa e vim na delegacia”, respondeu a mulher. Ao ser interrogada se gostaria de falar mais alguma coisa, declarou, com a cabeça baixa: “Só que estou arrependida”.
Mandado de prisão em aberto
Iraci Bezerra é foragida da Justiça do Pará por matar um ex-companheiro. O mandado de prisão, expedido em março de 2024, consta no Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP).
No depoimento prestado nesta sexta, contou sobre o episódio. De acordo com a agressora, no dia do fato, ela havia saído para beber em um bar com o homem. Na volta, ele teria ido tomar banho, e ela permaneceu na área externa da casa. Neste momento, relatou ter escutado disparos de arma de fogo e correu assustada em direção a uma mata.
A polícia paraense concluiu, no entanto, que Iraci foi a responsável pelo homicídio e requereu o mandado de prisão na Justiça, que foi deferido.
Justiça
Após o carro do IML deixar o local com o corpo de Rafaela, moradores reuniram-se e ecoaram gritos por justiça. Fabiana Marinho, 36, mãe da criança, saiu da rua aos prantos, carregada por familiares e amigos. Ao Correio, a dona de casa citou a última conversa que teve com a filha.
As duas combinavam o horário para buscar Rafaela. “Era pra eu ter buscado ela na quinta-feira, mas eu falei que estava sem dinheiro e iria vir hoje (sexta-feira). E falei que mamãe buscaria ela. Ela até perguntou de novo: ‘A senhora vem mesmo, né?’ E eu respondi que sim. Olha como eu vim buscar minha filha.”
Iraci foi indiciada por feminicídio, uma vez que o crime se deu no contexto de violência doméstica.
Por: Correio Braziliense