O Acre vive uma mudança no mapa do narcotráfico: enquanto a apreensão de maconha pelas polícias estaduais saltou 237,7% em apenas um ano, passando de 496,7 kg para 1,67 tonelada, a cocaína, droga que tradicionalmente domina as rotas da fronteira, despencou 50,5%, caindo de 637,5 kg para 315,7 kg. Os números são das Cartografias da Violência na Amazônia.
O contraste acentuado, também observado nas operações da Polícia Rodoviária Federal(PRF) e da Polícia Federal, indica uma mudança agressiva nas estratégias de facções criminosas que operam entre Peru, Bolívia e Brasil. Os dados consolidados apontam que o Acre se tornou, em 2024, um dos principais vetores de crescimento das apreensões de maconha em toda a Amazônia Legal.
Além do salto de 237,7% nas operações das polícias estaduais, a PRF registrou alta de 133,8% no mesmo período — parte de um crescimento acumulado de 5.050,7% desde 2019, um número considerado sem precedentes na região.
Enquanto isso, todos os órgãos de segurança registraram quedas expressivas na cocaína, indicando que o produto mais valioso do narcotráfico está sendo escoado por estados vizinhos. A PF reduziu em 74,9% suas apreensões no Acre de 2023 para 2024; a PRF caiu 90,9%; e até as polícias estaduais tiveram retração de 50,5%.
Epitaciolândia, Assis Brasil e Brasiléia seguem como eixos de entrada de drogas vindas do Peru e da Bolívia, enquanto Rio Branco funciona como centro de dispersão para outras regiões do país. Com base nisso, nota-se que o painel de apreensões mostra que as facções reorganizaram seus fluxos:
- Cocaína — antes dominante no Acre — agora flui prioritariamente via Amazonas e Mato Grosso, estados que lideram apreensões na Amazônia Legal;
- Maconha — antes minoritária — agora é usada como compensação logística para o desvio das rotas da cocaína.






