O urologista e pesquisador do Acre Fernando de Assis intensificou o alerta sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata e defendeu que todo homem inicie o acompanhamento anual aos 40 anos. Ao portal A GAZETA, o especialista enfatizou que a resistência masculina e a espera por sintomas continuam sendo os maiores obstáculos para reduzir mortes pela doença.
Assis explica que o principal fator de risco é simplesmente envelhecer. “O principal [fator de risco] tem a ver com a idade: quanto mais velho o homem fica, maior a chance de desenvolver o câncer de próstata”, explica, relembrando, no entanto, que há grupos mais vulneráveis. “Sedentários e os que seguem dietas muito gordurosas também são mais sujeitos a apresentar o câncer, especialmente numa idade mais jovem”.
Além disso, Assis reforça que o rastreamento precisa ser sistemático. “A gente faz os exames de rastreamento, o do toque retal e o do PSA [sigla para Antígeno Prostático Específico]. Esses dois exames em combinação vão mostrar pra gente se o paciente tem suspeita de tumor ou não. Se tiver suspeita, aí a gente pede uma biópsia. Nessa biópsia, são recolhidos alguns fragmentos da próstata e mandado para análise para confirmar ou não a presença do tumor”, ressalta.

“O câncer de próstata não dá sintoma nenhum”
Assis é categórico sobre a falsa ideia de esperar sintomas: “O câncer de próstata não dá sintoma nenhum. Quando ele dá sintoma, é porque já é uma doença bem avançada. Então, não dá pra ficar esperando sintoma pra procurar urologista”, reitera.
Ele diz que a ida ao urologista precisa começar aos 40 anos e se repetir anualmente. “Não só pra ver as questões relacionadas à próstata, mas pra ver saúde cardiovascular, perfil hormonal, cuidar de uma forma mais ampla da saúde”.
O médico dá ainda um conselho simples e que ele sempre repete aos seus pacientes e alunos. “Os homens têm dois meses ali pra se lembrar de fazer os seus exames. Ele pode lembrar do novembro azul, que é mundialmente conhecido como o mês da saúde masculina, ou então, se ele esquecer do novembro azul, ele pode fazer os exames dele no mês do aniversário dele”, exemplifica. Fernando completa: “Se dê de presente no mês do seu aniversário os exames de check-up. Três, quatro dias é suficiente para fazer todos os exames. Três em 365 dias não faz diferença nenhuma.”
Por que o diagnóstico precoce salva vidas?
Assis explica de forma didática o impacto da descoberta cedo. “As chances de cura são muito maiores quando a doença está localizada dentro da próstata. A partir do momento que o tumor já se espalha para outros órgãos (…) a cura é muito difícil. Mas, quando o tumor está localizado dentro da próstata, essa doença é altamente curável”, enfatiza, explicando que a taxa de cura chega a 95%.
A persistente resistência masculina, segundo Assis, está em queda. “Os homens estão muito preocupados com a saúde, todo mundo quer viver bem, viver muito, viver com qualidade. Então, alguns poucos homens ainda têm resistência”. Aos que ainda evitam o consultório, ele manda um recado. “É importante fazer o diagnóstico na fase inicial porque você tem uma chance grande de tratamento. Hoje, os tratamentos são muito eficientes. A cirurgia é uma cirurgia que hoje a gente faz por vídeo laparoscopia ou usando robô, praticamente não tem dor no pós-operatório”.
O especialista compara hábitos de saúde e reforça a importância de cuidados contínuos. “O homem acreano vive 10 anos a menos do que um homem no Japão. A questão dos japoneses estarem vivendo mais é que eles procuram assistência à saúde mais cedo. Eles vão sistematicamente ao médico, ao urologista, ao cardiologista”, finalizou.







