As estatísticas mais recentes do Anuário de Indicadores de Violência 2015–2024 do Ministério Público do Acre (MPAC), divulgado nesta sexta-feira, 14, revelam, além do número mulheres foram vítimas de feminicídio no estado, mas também o porquê elas foram mortas. A motivação dos crimes, quando analisada, expõe um padrão claro: a violência nasce dentro de casa, cresce em relações atravessadas por controle, ameaças, ciúmes e histórico de agressões.
Segundo os dados do Observatório de Análise Criminal, os feminicídios registrados no Acre entre 2021 e 2024 estão classificados dentro de um grupo de motivações que inclui crimes fúteis, passionais e conflitos interpessoais . Na prática, isso traduz o que a polícia e o MP identificam nas investigações: assassinatos cometidos por parceiros ou ex-parceiros. Veja:

A motivação mais frequente ao longo do período é a não aceitação do fim do relacionamento, que chegou a responder por 66,7% dos casos em 2022 e se manteve entre 30% e 40% nos anos mais recentes, evidenciando que a ruptura afetiva continua sendo o principal gatilho da violência letal.
O ciúme aparece como segunda motivação mais recorrente, variando de 11% a 41% dos registros, reforçando o caráter possessivo e a lógica de dominação presentes nas agressões. Já fatores como raiva e discussões pontuais também ganham relevância, especialmente em 2024, quando representaram 25% e 12,5% dos casos, mostrando que conflitos imediatos também podem desencadear o feminicídio.
Motivações como vingança, violência sexual e relações com o crime organizado surgem de forma eventual, sem repetição significativa, indicando a diversidade de contextos em que o crime pode ocorrer. Em raros episódios, não houve definição clara sobre o motivo, o que reflete a dificuldade de identificar o desencadeador exato em algumas investigações.






