Foi a partir de denúncias de extrativistas da Floresta Estadual do Antimary, em Sena Madureira, que um dos maiores esquemas de grilagem e destruição ambiental da região amazônica começou a ruir. As queixas sobre ameaças, ocupações ilegais e desmatamento acelerado em glebas públicas federais no Acre deram origem às investigações que culminaram, nesta semana, na condenação de quatro envolvidos pela Justiça Federal no Amazonas — entre eles, Amair Feijoli da Cunha, condenado também pelo assassinato da missionária americana Dorothy Stang.
Os moradores tradicionais denunciaram que os atuais posseiros da Fazenda Canaã, dentro da área do Antimary, estavam promovendo forte desmatamento para abertura de pasto e intimidando famílias extrativistas.
A ação criminosa devastou 598 hectares de floresta — quase 600 campos de futebol — causando prejuízo ambiental estimado em R$ 18 milhões.
Essas denúncias foram o estopim da Operação Terra Prometida, que, posteriormente, se conectou a novos desdobramentos e abriu caminho para a Operação Xingu, deflagrada em agosto de 2023 para desarticular um esquema ainda maior no sul do Amazonas.
Do Antimary ao sul do Amazonas: o esquema revelado
A Operação Xingu comprovou que o grupo atuava entre os dois estados, envolvendo um grileiro, pecuaristas e um técnico responsável por “esquentar” propriedades no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e no Cadastro Ambiental Rural.
No sul do Amazonas, o esquema destruiu cerca de 800 hectares de floresta apenas em 2022, ampliando o rastro de devastação iniciado no Acre.
Condenados
A Justiça Federal sentenciou:
Amair Feijoli da Cunha – 9 anos de prisão + 220 dias-multa
Patrick Coutinho da Cunha – 12 anos e 8 meses + 214 dias-multa
José Admir Ferreira – 12 anos e 9 meses + 190 dias-multa
Alexandre Alcantra Costa – 6 anos e 4 meses + 130 dias-multa
Para reparação dos danos, o valor mínimo fixado foi de R$ 20,71 milhões.
As sentenças ainda não são definitivas e podem ser avaliadas pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.