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Segurança fundiária e redução do desmatamento: estudo inédito de professor da Ufac é destaque em revista internacional

Segurança fundiária e redução do desmatamento: estudo inédito de professor da Ufac é destaque em revista internacional

Foto: arquivo pessoal

Um novo estudo científico assinado pelo professor da Universidade Federal do Acre (Ufac) João Paulo Santos Mastrangelo, em parceria com o professor Alexandre Gori Maia, do Instituto de Economia da Unicamp, e da professora Stella Zucchetti Schons, do Departamento de Recursos Florestais e Conservação Ambiental da Universidade Estadual da Virgínia (EUA), traz um recado poderoso: políticas ambientais só funcionam quando investem no que realmente muda o comportamento das pessoas. E, na Amazônia, isso significa uma combinação decisiva entre capital humano – que engloba conhecimento, previsibilidade e capacidade de planejar – e segurança fundiária.

Mastrangelo explica de maneira simples e direta. “Na prática, tudo se resume a uma lógica muito simples: quando o produtor tem segurança de que a terra é realmente dele, ele muda o seu comportamento sobre ela”.

Segurança fundiária e redução do desmatamento: estudo inédito de professor da Ufac é destaque em revista internacional
João Paulo Mastrangelo realizou o estudo em parceria com os professores Alexandre Gori Maia, da Unicamp, e Stella Zucchetti Schons, da Universidade Estadual da Virgínia (EUA). Fotos: cedidas

Publicado na renomada revista científica World Development, o estudo analisou dados de mais de 35 mil propriedades rurais no Acre. Os pesquisadores compararam as propriedades com limites de terra declarados com as que tinham reivindicações sobrepostas ou contestadas.

Qual é o principal gargalo fundiário do Acre?

Para Mastrangelo, o maior entrave não é falta de títulos, nem apenas falhas técnicas do CAR, mas a incapacidade de transformar informação em governança efetiva. “O maior gargalo é a ausência de uma governança fundiária integrada”.

Essa visão coloca o estudo no centro do debate contemporâneo sobre Amazônia. Se a floresta depende de decisões humanas, e se essas decisões dependem de segurança, estabilidade e conhecimento, então o caminho para preservar o bioma passa primeiro por fortalecer pessoas, instituições e direitos.

Além disso, reforça a necessidade de uma visão política na qual governos e organizações fundiárias e ambientais devem olhar além dos programas de titulação para fortalecer a governança local da terra. O fortalecimento de instituições que possam definir, monitorar e defender claramente os direitos à terra, de conselhos comunitários a agências ambientais, pode ser mais eficaz a longo prazo do que apenas a emissão de novos títulos, defendem os pesquisadores.

“Os direitos de propriedade são a base tanto para a proteção ambiental quanto para o desenvolvimento econômico. Se quisermos que políticas como mercados de carbono ou pagamentos por serviços ecossistêmicos funcionem, precisamos saber quem é responsável pela terra e se esses direitos são realmente protegidos”, conclui.

Sobre o pesquisador acreano

João Paulo Mastrangelo é engenheiro florestal de formação, com mestrado em Desenvolvimento Regional e doutorado em Desenvolvimento Econômico, pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente, ele é professor na Universidade Federal do Acre, na área de Economia e Política florestal. Foi Secretário de Estado do Acre de Floresta e, posteriormente, de Meio Ambiente, entre 2011 e 2017.

Para saber mais sobre o estudo, clique aqui: https://authors.elsevier.com/c/1m6D3,6yxDWHgx

 

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