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Em audiência pública, moradores do Papoco reforçam vontade de permanecer no bairro

A Câmara de Rio Branco realizou, na manhã desta segunda-feira, 10, uma audiência pública para debater a situação das famílias que vivem na região conhecida como Papoco, no bairro Dom Giocondo. A iniciativa do vereador Fábio Araújo (MDB) tenta resolver o impasse entre os moradores e a prefeitura, que planeja transferir as famílias para o bairro Rosalinda, nas proximidades da Cidade do Povo.

Participaram moradores, o secretário Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (Sasdh) João Marcos Luz e do promotor de Justiça Thales Ferreira, do Ministério Público do Acre (MPAC).

A transferência, segundo a prefeitura, visa garantir a segurança das famílias que vivem em uma área sujeita a riscos de deslizamento e erosão às margens do Rio Acre. No entanto, os moradores afirmam que não desejam deixar o local, onde muitos vivem há mais de quatro décadas, e pedem que o poder público faça intervenções estruturais para garantir a permanência deles.

“A nossa comunidade não quer sair do Papoco, porque moramos no centro da cidade, com escolas e creches próximas. Queremos que o prefeito Tião Bocalom olhe pra nós com mais atenção e cumpra o que prometeu: construir nossa escola, reformar as escadarias e garantir saneamento básico”, afirmou o presidente do bairro, Welliton de Andrade.

Em audiência pública, moradores do Papoco reforçam vontade de permanecer no bairro

No fim de outubro, um grupo de residentes do Papoco realizou protesto em frente à Câmara de Vereadores, contestando declarações do secretário João Marcos Luz de que haveria consenso entre as famílias sobre a remoção. Na ocasião, Welliton acusou o gestor de “mentir” e disse que a comunidade não foi consultada sobre o processo de realocação.

Luz, no entanto, reforçou, durante a audiência pública, que a maioria dos moradores quer, sim, sair do local. “Viemos aqui ouvir as pessoas que dizem não querer sair, mas, pelo nosso relatório, elas são a minoria. Não é possível, em sã consciência, defender que continuem morando em uma área de risco, em desmoronamento e com esgoto a céu aberto. Nosso levantamento mostra que 95% dos moradores ouvidos querem sair”, afirmou.

O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio da Promotoria de Justiça Especializada de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania, coordenada pelo promotor Thalles Ferreira.

O MPAC tem buscado garantir que qualquer intervenção ocorra com respeito aos direitos e à vontade dos moradores, e já expediu recomendações à prefeitura, como a melhoria da infraestrutura local, levantamento das famílias em áreas de risco e proibição de remoções sem comunicação.

“O local é uma comunidade muito antiga, onde muitas famílias vivem há mais de 40 anos. É uma área de risco, segundo a Defesa Civil, mas é preciso aprofundar o diálogo e buscar alternativas que atendam aos anseios da população. O Ministério Público está inserido nesse processo para garantir que nenhuma violação de direitos ocorra”, disse Ferreira.

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