Estima-se que cerca de 30% dos brasileiros tem gordura no fígado. A condição, que oficialmente se chama esteatose hepática, se não tratada, pode se desenvolver em cirrose e aumentar o risco de câncer no órgão. Apesar de ser silenciosa, a gordura no fígado tem um tratamento relativamente simples.
A endocrinologista Marília Bortolotto, que faz parte da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), explica que a principal abordagem de tratamento é a mudança no estilo de vida.
“Estudos mostram que a perda de peso, atividade física e mudança na alimentação são eficazes. A redução de pelo menos 7% do excesso de peso já traz benefícios. Não há um medicamento específico, e a prioridade é a modificação do estilo de vida”, afirma a especialista.
Hábitos que podem reverter a gordura no fígado
- Perder peso de forma gradual: pequenas reduções de peso melhoram gordura no fígado. Foque em constância, não em dietas radicais.
- Comida de verdade: priorize legumes, verduras, frutas, grãos integrais, feijões e proteínas magras.
- Cortar (ou pausar) o álcool: mesmo em pequenas doses, o álcool sobrecarrega o fígado em quem já tem esteatose.
- Diminuir açúcar e farinha refinada: refrigerantes, doces e pães/brioches aceleram o acúmulo de gordura no fígado. Troque por versões integrais e frutas.
- Planejar o prato e as porções: use metade do prato com vegetais, 1/4 com proteína magra (peixe/ovo/ave), 1/4 com carboidrato integral.
- Movimentar o corpo: caminhada, bicicleta ou natação somados a treinos de força ajudam o fígado a usar gordura como energia.
- Dormir bem regularmente: sono ruim desregula o metabolismo e atrapalha a reversão da esteatose.
- Cuidar do metabolismo (glicose, colesterol e pressão): acompanhe exames e trate condições associadas (pré-diabetes/diabetes, dislipidemia, hipertensão).
- Revisar remédios e suplementos: evite automedicação — alguns produtos naturais podem ser hepatotóxicos.
- Acompanhamento médico: consulta periódica guia metas realistas e verifica a resposta do fígado às mudanças.
Marília conta que não existe uma dieta específica que ajude contra a gordura no fígado — desde que seja saudável e leve à perda de peso, qualquer uma funciona. Porém, alguns estudos mostram que há resultados positivos relacionados especificamente à dieta mediterrânea e até o jejum intermitente pode oferecer benefícios indiretos.
“Em geral, quando o paciente adota mudanças consistentes de estilo de vida já é possível observar melhora significativa nas enzimas hepáticas e na quantidade de gordura no fígado em cerca de três a seis meses”, revela a gastro-hepatologista Natália Trevizoli, do Hospital Santa Lúcia Sul, em Brasília.