Enquanto o céu se ilumina para celebrar a chegada do Ano-Novo, milhares de cachorros e gatos vivem momentos de medo extremo dentro de casa. O barulho dos fogos de artifício, comum nas festas de Réveillon, pode provocar crises de estresse severas, acidentes, fugas e até a morte de animais domésticos, alertam especialistas.
A audição dos pets é muito mais sensível do que a humana. Cães conseguem ouvir sons a distâncias até quatro vezes maiores, enquanto gatos percebem frequências ainda mais altas. Sem compreender a origem dos estrondos, eles interpretam o barulho como uma ameaça direta, o que desencadeia reações de pânico.
Latidos desesperados, tremores, tentativas de fuga, agressividade e até ferimentos graves estão entre as reações mais comuns. “Os fogos e os gritos podem gerar respostas intensas de estresse, levando o animal a se machucar ao tentar escapar do som”, explica a veterinária Mariana Raposo.
O medo não é exceção. Uma pesquisa realizada em 2022 pelo Grupo Petlove revelou que 85% dos tutores afirmam que seus animais têm medo de fogos. Entre os pets avaliados, 72,7% procuram esconderijo ao ouvir os estampidos e mais da metade apresenta tremores.
Apesar de parecerem uma alternativa, os chamados fogos “silenciosos” também representam risco. Embora sejam menos barulhentos, ainda produzem ruídos suficientes para assustar os animais. “A pólvora usada para lançar os efeitos luminosos sempre gera barulho, especialmente agressivo para a audição canina”, alerta Raposo.
Além do medo, os riscos são sérios. O estresse extremo pode causar convulsões, surdez temporária ou permanente e até paradas cardíacas. “Em situações de pânico intenso, alguns animais podem evoluir para quadros fatais”, explica o veterinário João Paulo Lacerda.
Para reduzir os impactos, especialistas recomendam manter portas e janelas fechadas, criar um ambiente seguro e familiar, usar música suave para abafar o som externo e não deixar o animal sozinho. Em alguns casos, o veterinário pode indicar calmantes naturais ou medicamentos específicos.
A atenção deve ser redobrada em casas com vários cães, já que o estresse pode provocar brigas e ferimentos graves. Também é fundamental que o pet esteja identificado, com coleira, nome e telefone, além de microchip atualizado, para facilitar o retorno em caso de fuga.
O debate sobre o uso de fogos com estampido também avança no país. Estados e capitais brasileiras já adotaram restrições, e um projeto aprovado no Senado propõe proibir fogos com ruído acima de 70 decibéis em todo o Brasil. Atualmente, muitos artefatos ultrapassam 120 decibéis.
Os impactos, porém, não se limitam aos animais. Pessoas com autismo, fonofobia e outras sensibilidades auditivas também sofrem com os estampidos. O brilho pode ser bonito para alguns, mas o som alto segue sendo sinônimo de medo, dor e sofrimento para muitos outros.
Com informações do Metrópoles