Com a chegada do fim do ano e das referências visuais típicas do Natal, as imagens de grandes animais voltam a aparecer em campanhas, filmes e decorações. Embora as renas sejam as figuras tradicionais das festividades, quem realmente domina o título de maior da família é o alce, um animal capaz de superar facilmente a altura de um adulto e ultrapassar centenas de quilos.
O alce chama atenção não só pelo tamanho, mas pelo conjunto de características que fazem dele um dos mamíferos mais resistentes do hemisfério Norte. Porte, força, adaptação ao frio e chifres que se renovam todos os anos ajudam a explicar por que ele desperta tanta curiosidade.
Alce, o maior entre os cervídeos
O alce ocupa uma posição única entre os cervídeos. Os ombros de um animal adulto podem atingir mais de 2 metros de altura e o bicho chega perto de 700 kg, valores que superam com folga os de outros parentes próximos. Essa diferença fica evidente quando comparada a cervos grandes, que dificilmente alcançam o mesmo porte.
Mesmo com o tamanho elevado, o alce consegue se movimentar rápido em vários tipos de terreno. Em áreas abertas, as pernas longas garantem passos grandes que economizam energia em deslocamentos longos. Já em florestas fechadas, a altura facilita enxergar as rotas, mesmo com troncos e arbustos mais densos.
“A estrutura corporal alta facilita transitar em áreas alagadas e pantanosas, onde outros cervídeos teriam dificuldade, porque o alce consegue manter o corpo acima da água e da vegetação densa”, explica o professor de biologia Alisson Pedrosa, do colégio Galois, de Brasília.
O porte dele também serve como uma forma de defesa natural. Quanto maior o animal, menor a chance de predadores se aproximarem, principalmente quando se trata de um alce adulto saudável.
Chifres crescem até 2 cm por dia
No período que antecede o verão, os machos começam a formar um novo par de chifres. Eles surgem cobertos por um veludo macio, um tecido cheio de vasos sanguíneos que ajuda a levar nutrientes para toda a estrutura.
O que faz os chifres crescerem tão rápido é a junção desse veludo com a fase de alta atividade hormonal e a fartura de alimentos da estação. Em alguns casos, o crescimento é tão intenso que a diferença de um dia para o outro já é perceptível.
Segundo Pedrosa, durante a fase de maior crescimento, os chifres podem se tornar uma das estruturas ósseas mais ativas do corpo, exigindo grande aporte de minerais e proteínas para manter o ritmo de crescimento.
Diferenças entre machos e fêmeas
A diferença entre machos e fêmeas é fácil de notar. As fêmeas costumam ser menores, variando de 270 a 360 kg, enquanto os machos passam desse intervalo com facilidade.
“Os alces têm ossos robustos e uma musculatura bem desenvolvida no pescoço e nos ombros, o que ajuda a sustentar a galhada que pode pesar cerca de 20 kg”, destaca o professor de medicina veterinária Vitor Gomes, da Uninassau Recife, campus Graças.
Além da diferença de peso, os chifres, exclusivos dos machos, marcam o contraste visual entre os sexos. Durante o período reprodutivo, os chifres funcionam como uma espécie de cartão de visitas, já que o tamanho e a forma indicam vitalidade, força e boa condição física.
Machos com chifres maiores ou mais simétricos têm mais chances de atrair fêmeas, porque esses sinais costumam estar associados a indivíduos saudáveis. Além da função de exibição, os chifres também servem como arma nas disputas diretas entre machos.
No auge da temporada de acasalamento, é comum que eles se enfrentem em empurrões e choques de cabeça para decidir quem terá acesso ao grupo de fêmeas. Nessas situações, a estrutura robusta dos chifres faz diferença tanto para intimidar rivais quanto para garantir vantagem no confronto.
Alimentação volumosa e poucos predadores
O tamanho do alce pede uma rotina intensa de alimentação. Nos meses quentes, quando há muita vegetação disponível, o animal aproveita para comer folhas, brotos, ramos e plantas aquáticas ricas em minerais. Já no inverno, com o solo coberto por neve, a dieta muda para o que estiver acessível e o corpo reduz o gasto de energia para compensar.
Mesmo gigantes, os alces não estão totalmente livres de ameaças. Poucos predadores conseguem encarar um adulto saudável, mas ursos de grande porte e matilhas de lobos podem representar risco em situações específicas. Ainda assim, o porte e a força mantêm o alce no topo da cadeia em grande parte de seu habitat.
Por Metrópoles






