O mês de janeiro chega mantendo o padrão clássico do inverno amazônico: calor, muita umidade e chuva quase diária. No Acre, a previsão para 2026 é de um janeiro tipicamente chuvoso, mas sem eventos extremos de precipitação ou temperatura, segundo análise do pesquisador climático Davi Friale, que monitora o comportamento da atmosfera e dos oceanos na região.
“Janeiro é, historicamente, um mês de muita chuva no Acre. Em Rio Branco, por exemplo, são em média 18 dias com registro de chuva igual ou superior a 1 milímetro. Em Tarauacá, esse número sobe para 20 dias”, explica Friale.
De acordo com o pesquisador, a combinação entre calor intenso e elevada umidade vinda do oceano Atlântico favorece pancadas de chuva a qualquer hora do dia, sobretudo no período da tarde e nas primeiras horas da noite. Na maioria das vezes, são chuvas rápidas e localizadas, mas que podem vir acompanhadas de raios e ventos moderados.
“Em alguns dias, a chuva pode durar até 12 horas ou mais, geralmente com fraca intensidade. Já as pancadas mais curtas, de até duas horas, costumam ser fortes, com trovoadas e rajadas de vento”, detalha.
Chuvas históricas e variação regional
Mesmo dentro de um padrão esperado, janeiro já registrou volumes expressivos no passado. Em Rio Branco, a maior chuva do mês ocorreu em 1974, quando foram acumulados 118,2 milímetros em apenas 24 horas. Em Cruzeiro do Sul, o recorde é ainda mais antigo: 117,6 milímetros, em 1945.
Friale destaca que, apesar da fama de mês chuvoso, janeiro também pode apresentar breves períodos de tempo firme. Isso ocorre quando massas de ar seco avançam do hemisfério norte.
“Essas incursões vêm de áreas de alta pressão próximas ao Atlântico, entre a costa da África e Portugal, onde o frio é intenso. Quando esse ar seco chega ao Acre, principalmente pelo vale do Juruá e oeste do Amazonas, temos alguns dias de sol forte e umidade mais baixa”, afirma.
Quanto chove em janeiro no Acre
Os dados climatológicos mostram que janeiro costuma ser mais chuvoso que fevereiro nas principais cidades acreanas:
- Rio Branco: 286,1 mm em janeiro | 260,6 mm em fevereiro
- Cruzeiro do Sul: 247,0 mm | 229,5 mm
- Tarauacá: 316,6 mm | 294,2 mm
- Epitaciolândia: 290,6 mm | 260,2 mm
Calor intenso e raras quedas bruscas de temperatura
As temperaturas também seguem o padrão esperado para o período. As máximas médias variam entre 29ºC e 32ºC, mas não é raro que os termômetros ultrapassem os 34ºC em dias mais quentes. Já as mínimas ficam entre 21ºC e 24ºC, podendo ocasionalmente cair abaixo dos 20ºC.
“Nos últimos 60 anos, as menores temperaturas registradas em janeiro foram 14,2ºC em Rio Branco e 18,0ºC em Tarauacá”, relembra Friale.
Segundo ele, incursões de ar polar são raras neste mês, mas não impossíveis. Quando ocorrem, costumam provocar chuvas intensas e queda temporária da temperatura, especialmente no leste e sul do estado.
Janeiro de 2026: o que esperar
Ao projetar o comportamento do tempo para janeiro de 2026, Friale afirma que os modelos atmosféricos e oceânicos não indicam extremos.
“Observando o comportamento da atmosfera e dos oceanos no dia 31 de dezembro de 2025, entendemos que não deverão ocorrer extremos de chuva ou de temperatura no Acre em janeiro”, afirma.
A expectativa é de chuvas dentro da média climatológica, com leve tendência de volumes um pouco acima do normal. As temperaturas também devem ficar próximas da média, com maior chance de valores ligeiramente abaixo do esperado.
Um destaque da previsão é a chegada da primeira onda polar de 2026, ainda que fraca.
“Entre os dias 4 e 5 de janeiro, uma fraca onda polar deve atingir principalmente as microrregiões de Rio Branco e Brasileia, provocando chuvas intensas e uma leve queda na temperatura”, antecipa o pesquisador. Após esse período, a tendência é de novos intervalos de tempo firme, sobretudo no vale do Juruá, com sol forte e umidade relativa do ar mais baixa






