O Acre fechou 2025 com o melhor desempenho cirúrgico dos últimos dez anos. A produção saltou 77% desde 2020, e a Fundhacre alcançou uma taxa de suspensão de cirurgias de 13,5%, número abaixo da média de hospitais públicos e universitários do país. Os dados foram divulgados, nesta terça-feira, 9, pela Secretaria Estadual de Saúde do Acre.
No total, quase 70 mil procedimentos foram realizados desde o início da atual gestão estadual, em 2019, um avanço impulsionado por mudanças de gestão, pactuação com o Ministério Público e expansão do programa Opera Acre.
O promotor de Justiça Ocimar da Silva Sales Junior, da Promotoria de Defesa da Saúde do MPAC, afirmou que a queda nas suspensões é consequência direta de um termo de pactuação firmado em maio entre o MP, a Fundhacre e a Secretaria de Saúde.
“Nós tínhamos uma alta taxa de suspensão por vários fatores. Fizemos o mapeamento e, junto com a unidade, conseguimos sanar essas falhas. Isso gera otimização dos recursos públicos e aumenta o número de cirurgias”, explicou.
Ele destacou ainda o impacto para o paciente. “A suspensão gera uma frustração imensa para o paciente e para a família. Reduzindo essas ocorrências, elevamos a satisfação e a eficiência da unidade”.
Segundo o MP, agora cada caso de cancelamento tem registro formal e justificativa entregue ao paciente, garantindo transparência.
Secretário diz que Acre vive “melhor desempenho da década”
O secretário de Estado de Saúde, Pedro Pascoal, classificou 2025 como um divisor de águas. “O Acre vive o melhor desempenho cirúrgico da última década. Se fizermos um compilado de informações, de 2019 até agora, foram quase 70 mil cirurgias realizadas”, disse.
Pascoal lembrou que a pandemia provocou estagnação nas filas, mas o ritmo mudou. “A fila está andando em uma velocidade muito diferente da que era praticada anteriormente.”
Entre os avanços citados, estao:
* Oito salas cirúrgicas revitalizadas
* 10 leitos de UTI pós-cirúrgica exclusivos, reduzindo suspensões por falta de vaga e;
* Descentralização: centros cirúrgicos reativados em municípios como Plácido de Castro e Mâncio Lima
A próxima meta, segundo o gestor, é ativar o centro cirúrgico de Sena Madureira. “Mostramos que é possível levar a saúde para perto do paciente, e não o contrário”, afirmou.
A presidente da Fundação Hospitalar, Soron Steiner, comemorou o resultado. “Nossa taxa de suspensão é melhor do que os indicadores de hospitais públicos e universitários em todo o Brasil. Estamos muito felizes de alcançar essa marca.”
Ela destacou a retomada de procedimentos antes parados:
* Artroplastias de joelho e quadril
* Prótese peniana e testicular
* Mutirões de ginecologia e cirurgia vascular
* Programa Opera Mama
* Primeiro transplante de tecido ósseo do Acre, inédito na região Norte, exceto em dois estados
Para 2026, a meta é ampliar a produção. “Queremos alcançar 600 cirurgias por mês. Este foi o maior ano de produção cirúrgica da nossa história, com segurança e qualidade”.
Soron também reforçou que parte das suspensões ainda ocorre por fatores evitáveis. “Uma das principais causas é o absenteísmo. O paciente confirma a cirurgia, mas não comparece. Em casos de alta complexidade, não dá para substituir a tempo”.
Quase 50% das suspensões têm causas evitáveis
Segundo o relatório apresentado, a falta de condições clínicas do paciente; o absenteísmo e; mudanças de conduta médica respondem por quase metade das suspensões de 2025.
Entre janeiro e outubro de 2025, o programa Opera Acre realizou mais de 12,8 mil cirurgias, descentralizando atendimentos e levando mutirões para o interior.
O programa ampliou especialidades como ortopedia, oftalmologia, vascular, plástica, ginecologia e urologia.
Entre 2015 e 2020, a Fundhacre enfrentou picos de suspensão acima de 20%. Porém, de 2020 a 2025, houve crescimento contínuo da produção: há cinco anos, eram 1.607 procedimentos no primeiro semestre; neste ano, no mesmo período, foram contabilizados 2.849, um aumento de 77%.
A instituição mantém, de maneira inédita, mais de 500 cirurgias mensais.
Para 2026, as metas são: manter mais de 500 cirurgias mensais e ampliar para 600; reduzir suspensões para menos de 10%; reduzir a fila em 50% e expandir procedimentos complexos com novos equipamentos.








