Reconhecer um ataque cardíaco nem sempre é simples. Embora a forma clássica do infarto agudo do miocárdio envolva uma dor intensa no peito, que vem em forma de aperto e sensação de morte iminente, muitos pacientes apresentam sinais menos óbvios.
Segundo o Ministério da Saúde, o quadro típico inclui dor localizada na região anterior do tórax, irradiando para o braço esquerdo, acompanhada de náuseas, vômitos e sudorese. Ainda assim, essa descrição não contempla todas as manifestações possíveis — e justamente por isso muitos casos demoram a chegar ao atendimento.
Especialistas afirmam que doenças cardiovasculares se manifestam de forma semelhante em homens e mulheres. A diferença é que, após a menopausa, as mulheres perdem a proteção hormonal e passam a ter risco equivalente ao dos homens para desenvolver problemas cardíacos, tornando-se igualmente vulneráveis a quadros graves.
Além dos aspectos biológicos, mudanças no estilo de vida têm desempenhado papel importante no aumento dos casos, especialmente entre jovens. O cardiologista Eugênio Moraes, do Hospital Sírio-Libanês, destaca o impacto dos alimentos ultraprocessados nesse cenário.
“Existem evidências epidemiológicas consistentes mostrando a associação entre maior consumo de ultraprocessados e aumento de eventos, bem como de fatores de risco cardiometabólicos. Alguns estudos recentes mostram aumento relativo de risco cardiovascular na ordem de 15% a 25% nas pessoas que mais consomem esses produtos”, explica.
Ele reforça que obesidade, hipertensão, colesterol elevado e diabetes — todos agravados por dietas ricas em ultraprocessados — aumentam diretamente a chance de infarto. O especialista também chama atenção para como o estilo de vida contribui para o avanço do problema entre adultos jovens.
“Não é uma causa isolada, mas um conjunto de condições, como consumo de ultraprocessados, sedentarismo, obesidade, drogas ilícitas, combinação de álcool e energéticos e causas não ateroscleróticas (que tenham a ver com o depósito de gordura do corpo), mais frequentes nos jovens. Isso tudo aumenta o risco de infarto nessa população”, afirma.
Sintomas de infarto
- Dor no peito em aperto ou pressão.
- Irradiação para braço esquerdo, mandíbula, costas ou ombro.
- Falta de ar (dispneia).
- Sudorese intensa.
- Náuseas e vômitos.
- Palidez ou pele arroxeada.
- Tontura, turvação visual ou sensação de desmaio.
- Cansaço extremo súbito.
Embora a dor no peito continue sendo o sinal mais conhecido, outros sintomas podem ser igualmente graves. O cardiologista Anis Mitri, presidente da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado de São Paulo, alerta que falta de ar, desmaios e alterações na cor da pele também são indicativos importantes.
“O primeiro sintoma é a falta de ar. Desmaios, palidez cutânea ou arroxeamento da pele também são sintomas que merecem atenção, principalmente em pessoas com diabetes, hipertensão ou problemas cardíacos já instalados”, explica.
Mitri acrescenta que sintomas desencadeados após esforço físico — como subir escadas, atividade sexual, exercícios ou situações de estresse — têm alta probabilidade de serem de origem cardíaca. “Quando falta de ar, dor nas costas ou náusea aparecem após esforço, a chance de ser um infarto em andamento é grande”, afirma.
Por: Metrópoles






