Apontado como um dos maiores golpistas do Brasil, Marcelo Nascimento da Rocha — ou Marcelo VIP, como era conhecido — morreu nesta terça-feira (9/12), aos 49 anos, em Curitiba. Nos últimos anos de vida, era palestrante e escritor, e cumpriu parte de sua detenção na Penitenciária Central do Estado (PCE).
A trajetória de Marcelo VIP ganhou repercussão nacional em 2001, quando aplicou o golpe que o tornaria famoso. Durante uma festa no Recife, apresentou-se como Henrique Constantino, um dos fundadores da Gol Linhas Aéreas, concedendo entrevistas a programas de celebridades como se fosse o próprio empresário — um episódio que chamou atenção dentro e fora do país. A causa da morte não foi informada.
A vida marcada por fraudes inspirou o filme VIPs – Histórias reais de um mentiroso, estrelado por Wagner Moura e lançado em 2010. Enquanto as filmagens aconteciam, Marcelo estava preso na PCE, onde permaneceu por quatro anos, até conseguir progressão de regime em 2014. Como não havia vagas no semiaberto, ele deixou a unidade e passou a cumprir pena em casa, com tornozeleira eletrônica.
O alívio, no entanto, durou pouco: em 2018, foi novamente detido, acusado de falsificar documentos para obter nova progressão. Ao longo da vida, acumulou condenações por associação ao tráfico, roubo de avião, estelionato e falsidade ideológica. Somou ao menos doze prisões e protagonizou seis fugas. Depois de sua última saída da cadeia, buscou reconstruir a própria imagem, atuando como palestrante e escritor.
Crimes no cinema
O filme que narra sua história atraiu 600 mil espectadores nas salas de cinema e conquistou quatro prêmios no Festival do Rio: melhor filme, melhor ator (Wagner Moura), melhor ator coadjuvante (Jorge D’Elía) e melhor atriz coadjuvante (Gisele Fróes).
Na época da estreia, Wagner Moura comentou ao Globo sobre a semelhanças com o personagem na juventude: “Eu era problemático que nem o Marcelo do filme, só que sem ser tão emo. Passava por muitos conflitos internos, ouvia The Cure, Joy Division e todo esse rock inglês triste. Eu era meio sozinho. Na escola, me chamavam de OVNI.”
No longa, Moura interpreta o impostor que se passou por executivo de multinacional, piloto de avião e até chefe do tráfico. Ele também relembrou seu fascínio antigo pela aviação: “Quando assisti a Top Gun fiquei com vontade de ser piloto. Na verdade, queria ser o Tom Cruise.”
Por Correio Braziliense





