Após revisitar dados de 2016 do Telescópio Gemini Sul, no Chile, pesquisadores norte-americanos encontraram um exoplaneta que orbita duas estrelas ao mesmo tempo, algo semelhante a Tatooine, planeta retratado na franquia Star Wars (1977). O novo achado foi batizado de HD 143811 AB b e foi confirmado por outro estudo independente feito por cientistas britânicos, que também viram o planeta.
Substância detectada em exoplaneta pode ser indício de vida alienígena
A descoberta ocorreu através de duas pesquisas: uma da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, e outra pela Universidade de Exeter, no Reino Unido. O estudo norte-americano foi publicado no periódico The Astrophysical Journal Letters em dezembro, enquanto o britânico foi postado em meados de outubro na revista científica Astronomy and Astrophysics.
O encontro de um planeta fora do nosso Sistema Solar já é raro, mas a descoberta mais recente “subiu o nível”: além de orbitar duas estrelas, o HD 143811 AB b orbita seus pares estelares mais próximo do qualquer outro já registrado.
De acordo com os pesquisadores, o achado ajuda a compreender como planetas se movem e se formam ao redor de um sistema de múltiplas estrelas, além permitir testes de teorias de formação planetária em sistemas complexos.
“Dos 6 mil exoplanetas que conhecemos, apenas uma pequena fração orbita sistemas binários. Obter imagens do planeta e do sistema binário simultaneamente é interessante porque esse é o único tipo de sistema planetário em que podemos rastrear a órbita da estrela binária e do planeta no céu ao mesmo tempo”, exalta o autor principal do artigo norte-americano, Jason Wang, em comunicado.
Exoplaneta descoberto por acaso
Quando era aluno da Universidade Northwestern, Wang foi responsável por construir o Gemini Planet Imager (GPI), um dos instrumentos construídos e operados no Telescópio Gemini Sul. Durante o doutorado, o pesquisador utilizou o GPI para observar várias estrelas, mas só encontrou um novo planeta.
Após anos atuando no Gemini Sul, o instrumento será transferido para Telescópio Gemini Norte. Antes da transferência, Wang pediu a outra pesquisadora para revisitar os dados do GPI. “Eu não achava que encontraríamos novos planetas. Mas pensei que deveríamos fazer nossa lição de casa e verificar cuidadosamente de qualquer maneira”, diz o cientista.
Ao investigar dados de 2016 e 2019, os pesquisadores identificaram que no primeiro ano havia um objeto suspeito. Investigações posteriores confirmaram que se tratava do HD 143811 AB b, algo ignorado por análises anteriores.
“As estrelas não ficam paradas em uma galáxia, elas se movem. Já se um planeta está ligado a uma estrela, então ele se moverá com a estrela. Às vezes, quando revisitamos um ‘planeta’, descobrimos que ele não está se movendo com sua estrela. Então, sabemos que era apenas uma estrela de passagem. Se ambos estiverem se movendo juntos, isso é um sinal de que se trata de um planeta em órbita”, explica a coautora do artigo norte-americano, Nathalie Jones.
Características do exoplaneta
O novo planeta é grande, tendo seis vezes o tamanho de Júpiter. Mesmo sendo mais quente que todos os do nosso Sistema Solar, ele parece ser mais frio em relação a outros exoplanetas. Localizado a cerca de 446 anos-luz da Terra, ele se formou há aproximadamente 13 milhões de anos, sendo bastante jovem em termos cósmicos.
Ainda não se sabe como funciona exatamente a relação entre o planeta e seus pares estelares, mas novos estudos sobre o sistema serão realizados para obter mais dados.
Por Metrópoles