A segunda cheia do ano do Rio Acre já provoca impactos diretos em Rio Branco. Até esta segunda-feira, 29, 364 pessoas, de 135 famílias, estavam abrigadas em escolas e centros comunitários da capital após deixarem suas casas, conforme dados da Prefeitura de Rio Branco.
O cenário se agrava com a continuidade da elevação do nível do manancial. Na medição realizada às 5h20 desta segunda-feira, o Rio Acre alcançou 15,32 metros, o que representa uma subida de 46 centímetros em relação ao mesmo horário do domingo (28), quando o nível estava em 14,86 metros. Apesar da elevação expressiva, não houve registro de chuvas nas últimas 24 horas.
Ao longo do domingo, o monitoramento hidrológico apontou uma elevação gradual e constante. Às 9h, o rio marcou 14,94 metros; ao meio-dia, 15,04; às 15h, 15,08; às 18h, 15,13; às 21h, 15,16; e, à meia-noite, chegou a 15,24 metros, mantendo a tendência de alta durante a madrugada

Situação dos abrigos
Atualmente, cinco escolas e um centro cultural funcionam como abrigos em Rio Branco. O maior deles é o Centro de Cultura Mestre Caboquinho, que concentra 130 pessoas, de 75 famílias, o equivalente a mais de um terço de todos os desabrigados. No local, salas foram adaptadas para acolhimento, com colchões espalhados e rotinas compartilhadas enquanto as famílias aguardam uma definição sobre o retorno para casa.
Nas escolas municipais Álvaro Vieira Rocha e Anice Jatene, estão 107 pessoas, de 30 famílias. Já a Escola Estadual Marilda Gouveia abriga 58 pessoas, número superior ao de várias unidades somadas. A Escola Estadual Georgete Kalume funciona como abrigo temporário para outras 31 pessoas.

Além das estruturas já em funcionamento, a Prefeitura de Rio Branco, por meio da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Seinfra), trabalha na construção de 60 boxes no Parque de Exposições, destinados ao acolhimento de famílias desabrigadas, incluindo aquelas com animais de estimação e pessoas com comorbidades ou limitações.

Cheia em período atípico
A elevação do Rio Acre ocorre em um contexto incomum para o mês de dezembro. Dados da Defesa Civil Municipal apontam que, em 55 anos de monitoramento hidrológico, o rio havia transbordado neste período apenas uma vez, em 26 de dezembro de 1975.
Desde o transbordamento registrado por volta das 9h de sábado, 27, a cheia do rio e o avanço das águas de igarapés já atingiram mais de 20 bairros da capital, impactando mais de duas mil famílias.