O tradicional festival acreano Feliz Metal, um dos eventos mais longevos e representativos da cena pesada da região Norte, vive um momento difícil. Após mais de duas décadas de história, com 60 bandas já tendo passado por seus palcos (incluindo o ex-vocalista do Iron Maiden, o britânico Blaze Bayley), a organização denuncia falta de apoio do governo e erros graves na análise do projeto cultural submetido à Fundação Elias Mansour (FEM).
A equipe responsável pelo festival, que acontece no dia 25 de dezembro, no Studio Beer, afirma ter enfrentado uma avaliação “repleta de equívocos básicos”, que inviabilizaram a aprovação do projeto pela autarquia.
Em um dos pareceres, “o avaliador afirmou ter encontrado ‘valores superdimensionados em itens como camisetas (R$ 2.500)’. Contudo, não existe qualquer item ‘camisetas’ em nosso projeto ou na planilha orçamentária”, denunciam os organizadores.
A coordenação do Feliz Metal apontou o erro, alegando que o avaliador não teria lido o projeto de forma completa, comprometendo, assim, a análise. No entanto, o parecerista manteve a avaliação.

“É revoltante ver o Feliz Metal, após 22 anos de história, ser tratado com tanta indiferença pela FEM”, lamentou a equipe, que sustenta que erros como esse atingem diretamente a sobrevivência do festival, que costuma contar, ao longo dos anos, com apoio público para cobrir despesas como estrutura de palco, músicos e logística.
Mesmo assim, para manter acesa a chama e a tradição do evento, que atrai público de outros municípios e estados, as bandas convidadas aceitaram tocar gratuitamente, entre elas a PHC, de Porto Velho (RO). Um gesto que, para os organizadores, demonstra o reconhecimento da importância cultural e social do Feliz Metal.
Solidariedade e resistência
Os artistas ressaltam que o festival carrega forte caráter solidário. Todos os anos, os roqueiros arrecadam alimentos não perecíveis para montar cestas básicas que ajudam famílias vulneráveis a terem um Natal mais digno. E isso será mantido mesmo sem o apoio da FEM, presidida pelo ex-reitor da Ufac Minoru Kinpara.

Quem levar 1 kg de alimento vai pagar apenas R$ 10 ao invés de R$ 20. Estudantes também terão a meia-entrada garantida. “Para não dependermos de instituições que não valorizam a cena local, o evento terá cobrança de ingresso e venda de camisetas oficiais”, esclareceu a organização do festival.
Consultada sobre a insatisfação, a chefe do Departamento de Políticas Culturais da FEM, Elane Cristine Almeida, esclarece que todos os proponentes que se sentiram prejudicados podem recorrer.
“Os recursos serão avaliados por três pareceristas. A FEM teve todo o cuidado de contratar esses profissionais para fazer a avaliação dos projetos, justamente para garantir a transparência e a isenção com relação aos resultados”, disse a gestora, em nota encaminhada À GAZETA.








