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Governo decreta emergência em Rio Branco e mais quatro cidades por causa das alagações

Governo decreta emergência em Rio Branco e mais quatro cidades por causa das alagações

Bairro Seis de Agosto - Foto: Walcimar Júnior

Em razão das inundações no Estado, o governo do Acre decretou, nesta segunda-feira, 29, situação de emergência em cinco municípios: Feijó, Plácido de Castro, Rio Branco, Santa Rosa do Purus e Tarauacá. O decreto tem validade de 180 dias.

O documento vem após um dezembro marcado por chuvas: apenas em Rio Branco, segundo o decreto, choveu 483 milímetros no mês, enquanto a média histórica é de 265 milímetros, um excesso de quase 100% acima do esperado. A situação se agravou nos últimos dias: nas últimas 96 horas, foram registrados 246 milímetros, volume superior ao previsto para todo o mês na capital.

O cenário se repete em outras regiões do estado. Em Brasiléia, por exemplo, o acumulado de dezembro chegou a 436,8 milímetros, frente a uma média esperada de 222 milímetros. Também em apenas quatro dias, choveu 176 milímetros, o equivalente a 66% do total previsto para o mês inteiro.

Como as chuvas estão concentradas e persistentes, segundo o decreto, rios importantes atingiram ou ultrapassaram as cotas de transbordamento. Na medição das 15 horas desta segunda-feira, 29, o Rio Acre chegou a 15,38 metros em Rio Branco, acima da cota de transbordamento, de 14 metros.

Além das áreas urbanas alagadas, comunidades rurais também foram impactadas. Em Plácido de Castro, o transbordamento dos igarapés Visionário e Santa Elena provocou o isolamento de ramais e localidades como Monte Alegre e Cabo Severino, dificultando o deslocamento de moradores e o acesso a serviços básicos.

Decreto na capital

Ainda nesta segunda-feira, 29, a Prefeitura de Rio Branco decretou situação de emergência em razão da elevação do nível do Rio Acre e de seus igarapés. Na ocasião, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, ressaltou que, apesar da recorrência das enchentes, a gestão municipal tem mantido e aprimorado as ações de resposta e acolhimento às famílias atingidas.

De acordo com o prefeito, desde 2021 o município vem fortalecendo a política de assistência, trabalho que rendeu a Rio Branco o prêmio nacional de melhor acolhimento do Brasil, concedido no âmbito da Defesa Civil.

“Ano após ano, a gente vem melhorando”, afirmou o prefeito, ao reforçar que, ao longo das cinco cheias anteriores, e agora na sexta, a prioridade tem sido preservar vidas. A gestão municipal, segundo ele, trabalha para que não haja nenhum óbito ou caso fatal relacionado às alagações. “Dificuldades pontuais sempre surgem em situações de emergência, mas há uma atuação integrada entre Prefeitura, Defesa Civil e demais órgãos”.

Calendário escolar

A cheia do Rio Acre pode por em risco o calendário escolar da rede municipal de ensino de Rio Branco. Com escolas sendo utilizadas como abrigos, a Secretaria Municipal de Educação (Seme) admitiu que o ano letivo pode sofrer novos impactos, embora afirme que trabalha para reduzir prejuízos aos estudantes.

Segundo o vice-prefeito e secretário municipal de Educação, Alysson Bestene, a capital acreana enfrenta um histórico de interrupções no calendário escolar em razão de enchentes e períodos de seca. “A gente já vem, há praticamente seis anos de forma sequencial, enfrentando esses desastres, seja pela cheia ou pela seca. Isso acaba fazendo com que o ano letivo comece e termine fora do tempo em relação ao Estado”, afirmou.

Ano novo

A Prefeitura também informou que, até o momento, a programação do Réveillon 2025 está mantida. A gestão municipal segue avaliando o cenário, mas mantém a programação especial de virada de ano na Praça da Revolução, no Centro da capital.

O prefeito Tião Bocalom explicou que a decisão final dependerá das condições enfrentadas nos próximos dias, especialmente em relação aos impactos da alagação em algumas áreas da cidade. Segundo ele, a estrutura do evento foi planejada de forma simples, priorizando artistas locais. “Todo ano tem isso daí, então nós vamos avaliar o palco que está sendo montado. Não tem nenhum artista de fora, é só a população de Rio Branco, só artistas locais”, afirmou.

Bocalom destacou que a Prefeitura não descarta a suspensão das apresentações caso a situação exija. “Se tiver que, na última hora, não fazer a apresentação de artista, não será feio. Mas, se não, a gente vai deixar correr, porque é uma festa esperada o ano inteiro”, disse o prefeito.

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