Após quatro dias de buscas na floresta, os três indígenas desaparecidos, em Porto Walter, desde segunda-feira, 8, foram encontrados na tarde de quinta-feira, 11. O comandante do Corpo de Bombeiros da região, tenente Josadac Cavalcante, detalhou, nesta sexta-feira, 12, a operação, marcada por chuva constante, deslocamentos complexos e a participação de mais de 30 pessoas entre militares e moradores.
Kenedy Ferreira do Nascimento, de 30 anos, Antônio José Dantas Lima, de 32 anos, e Cleisson Feitosa, de 42 anos foram chegaram na comunidade no final da tarde. Segundo Josadac, ao menos cinco equipes participaram da ação. “A equipe 3 encontrou os três e desceu até a aldeia”, afirmou.
Os bombeiros da equipe 2 chegaram a pernoitar na região conhecida como Valparaíso, seguindo vestígios deixados pelos indígenas. “Eles já estavam nos rastros, acompanhando em direção à equipe 3”, explicou o comandante, acrescentando que a comunicação com os militares ainda ocorre apenas por telefone satelital, devido à falta de sinal na mata.

O tenente também relatou como os indígenas sobreviveram aos dias de isolamento. “Eles estavam todos bem, sem nenhuma lesão. Como tinham espingarda e fogo, conseguiram matar dois queixadas, fazer alimento e montar abrigos com palha. Mas, com quatro dias seguidos de chuva, já estavam exaustos”, contou. Segundo Cavalcante, a intenção deles, nesta sexta-feira, 12, era parar de caminhar e montar acampamento para descansar.
De acordo com relatos do cacique da área, os três se perderam enquanto caçavam. “Eles estavam perseguindo os queixadas, que andavam paralelos ao rio em direção ao leste. De repente, os animais viraram a noroeste, e essa curva acabou desorientando o grupo”, disse Cavalcante.
O comandante aproveitou para reforçar orientações de segurança a caçadores e moradores da zona rural, lembrando que só neste ano já foram 16 acionamentos no Vale do Juruá para buscas similares. “Como todo mundo hoje tem celular, é essencial baixar mapas offline. Se você se desorientar, não deve caminhar longas distâncias. O ideal é ficar perto do ponto onde se perdeu e nunca cruzar igarapés ou rios. Eles funcionam como ruas na cidade; quando a pessoa sai do quadrante, a busca fica muito mais difícil”, alertou.
Apesar da tensão dos últimos dias, o desfecho foi positivo. Os três indígenas foram localizados, alimentados e conduzidos de volta à comunidade sem ferimentos. “A maior parte da equipe deve chegar à aldeia no final da tarde de hoje”, completou o tenente.