A cada dez trabalhadores de Rio Branco, quase quatro afirmam que o salário não cobre as despesas do mês. O dado é da pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Acre (Fecomércio-AC), do Instituto DataControl, realizada em em novembro de 2025, que investigou o perfil e as condições de vida da população economicamente ativa da capital acreana. Enquanto 36,5% consideram o ganho mensal insuficiente, apenas 34% dizem estar satisfeitos, e outros 21% avaliam que recebem apenas o necessário para sobreviver — um retrato que evidencia o aperto no orçamento das famílias.
Para o estudo, foram entrevistadas 200 pessoas, sendo 53% são mulheres e 47% homens. A escolaridade é variada: 37% concluíram o ensino médio, 16% têm ensino superior e 12% chegaram somente ao ensino fundamental.
A renda média mensal aponta um cenário de vulnerabilidade: 61,5% recebem até R$ 1.518, e apenas 2,5% ultrapassam os R$ 7.591.
Além disso, o levantamento revela que 83,3% têm algum trabalho remunerado, mas nem todos em condições estáveis. Apenas 35,5% possuem vínculo empregatício, enquanto 11,5% sobrevivem de “bicos” e 5,5% são pequenos empresários. Entre os aposentados, 12,5% seguem trabalhando.
Entre os formais, 71,1% têm carteira assinada, enquanto o restante atua sem registro.
A pesquisa mostra uma taxa de desemprego de 16,7%, e quase metade desse grupo (44,4%) não procura emprego atualmente. Outra parte está há menos de um ano buscando uma vaga (13,3%), enquanto outros tentam recolocação há mais de 12 meses. O tempo médio no desemprego chama atenção: 31,9% estão sem trabalho há mais de dois anos.
Rotatividade e deslocamento
Nos últimos 12 meses, ainda segundo o estudo, 19,5% mudaram de emprego, enquanto 20% estão há mais de um ano fora do mercado. Sobre deslocamento, 29,5% consideram a distância entre casa e trabalho “grande”. O transporte coletivo é o meio mais utilizado (27,5%), seguido por moto e carro próprio.
Além da insatisfação salarial, a pesquisa revelou que 51,5% têm dívidas parceladas, e quase metade compromete cerca de 30% da renda apenas com pagamentos. Para 54% dos entrevistados, o endividamento impacta negativamente o orçamento doméstico.
Ainda assim, 57,5% afirmam fazer planejamento financeiro, e 41% conseguem poupar algum valor no fim do mês. A configuração das residências também influencia o aperto financeiro, conforme explica o estudo: 25,5% vivem em casas com três pessoas. Em 44,4% dos lares, apenas uma pessoa trabalha e assume as despesas, enquanto 39,5% dividem a responsabilidade entre duas pessoas.








