O Acre encerrou novembro de 2025 com chuvas muito abaixo da média histórica, mas com o Rio Acre significativamente acima do nível esperado para o período. As informações são do coordenador Municipal da Defesa Civil em Rio Branco, tenente-coronel Cláudio Falcão, que explicou que a combinação de manancial cheio e menos chuvas desenha um cenário climático incomum e que exige atenção.
“[Em novembro], tivemos um déficit bem significativo [de chuvas]. Em Rio Branco, choveu pouco mais de um terço do esperado. Mas quando olhamos a bacia como um todo, o comportamento muda, porque outros municípios receberam volumes próximos da média”, explicou Falcão.
De acordo com o pesquisador climático Davi Friale, choveu 150 mm em Rio Branco pela estação automática do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) — apenas 71,8% da média histórica de 208,8 mm. Os dados da Agência Nacional de Águas (ANA) apontaram um volume ainda menor: 72 mm, equivalentes a 34,5% da média esperada. “Foi um dos meses de novembro mais secos dos últimos anos no Acre”, afirmou Friale.
A Defesa Civil Municipal confirma o déficit. De acordo com boletim enviado pelo coordenador tenente-coronel Cláudio Falcão, a instituição registrou 71,2 mm de chuva — número praticamente idêntico ao medido pela ANA.
Rio Acre: nível atual está 2,16 metros acima da média
Apesar da seca, o comportamento do Rio Acre surpreendeu. A média histórica para o início de dezembro é de 4,52 metros, mas nesta segunda-feira, 1º, o rio marcava 6,68 metros. “O nível está mais de dois metros acima da média. Isso acontece porque as chuvas em outros municípios da bacia acabam chegando aqui em Rio Branco, mesmo que na capital tenha chovido pouco”, afirmou Falcão.

Segundo ele, apenas em 2018 e 2019 o rio esteve mais alto que agora nesta mesma época. “Em todos os outros anos, desde 2015, o nível era menor. Em 2023, por exemplo, o Rio Acre tinha 2,5 metros e tivemos uma grande enchente. Em 2024, estava em 4,12 metros e houve enchente média. Se o rio continuar se comportando assim, podemos ter novo transbordamento em 2026, provavelmente dentro da média, próximo de 16 metros”, avaliou.
Extremos de novembro
Segundo Friale, o mês apresentou também variações significativas de temperatura:
- Menor temperatura no estado: 19,3°C em Epitaciolândia (dia 18)
- Maior temperatura no estado: 36,2°C em Cruzeiro do Sul (dia 8)
- Maior chuva em 24h: 101,6 mm em Manuel Urbano (dia 11)
- Maior vento: 55,6 km/h em Cruzeiro do Sul (dia 4)
Em Rio Branco, a maior chuva em 24h foi de 32,8 mm, e a menor umidade relativa do ar, 41%.
Chuva esperada para dezembro pode superar 268 mm
A Defesa Civil projeta para dezembro um acumulado esperado de 268,4 mm, número que pode ser ultrapassado. “É possível chover essa quantidade ou até mais. Vou verificar qual foi o ano em que dezembro superou esse acumulado. Os dados mostram que dezembro costuma ser muito variável”, disse Falcão.
Ele reforça ainda que todas as conclusões são baseadas em monitoramento contínuo.
“Tudo o que informo é baseado em números, perspectivas e estudos. E é importante lembrar que a bacia toda influencia Rio Branco, não apenas as chuvas locais”.