Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Ministério Público do Acre levanta hipótese de crime de ódio na morte de Moisés Alencastro

Ministério Público do Acre levanta hipótese de crime de ódio na morte de Moisés Alencastro

Foto: Reprodução/Redes sociais

A forma brutal como o ativista cultural, jornalista e servidor público Moisés Alencastro foi assassinado em Rio Branco passou a levantar fortes suspeitas de crime de ódio, colocando em dúvida a versão inicial de latrocínio. A avaliação é de integrantes do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), que apontam que o nível de violência empregado no crime não condiz com um roubo seguido de morte, mas sim com uma agressão marcada por ódio e desprezo pela vítima.

Moisés foi encontrado morto nesta segunda-feira, 22, no apartamento onde morava, no bairro Morada do Sol, deitado em sua cama. Para entrar no imóvel, amigos tiveram de arrombar a porta.

Segundo o posicionamento público do MP, as múltiplas perfurações por arma branca, concentradas em regiões vitais como costelas, abdômen e pescoço, além de indícios de tentativa de degolamento, indicam um padrão de violência exacerbada e desnecessária para a simples subtração de bens. Para membros da instituição, esse tipo de agressão costuma estar associado a crimes motivados por intolerância e discriminação, fenômeno recorrente em assassinatos de mulheres e de pessoas LGBTQIA+.

O caso ganha nuances ainda mais sensíveis pelo histórico de Moisés Alencastro. Além de sua atuação pública na cultura e no jornalismo, ele era servidor do Ministério Público do Acre e trabalhava diretamente no Centro de Atendimento à Vítima (CAV), onde se dedicava ao enfrentamento da violência, da discriminação e à defesa da dignidade humana. Para colegas, a morte de Moisés não pode ser tratada como um episódio comum da criminalidade urbana.

“A brutalidade do crime sugere motivação que vai além do patrimônio. Há elementos que apontam para uma possível ação de homofobia”, destacam membros do MP, ao reforçar que a correta tipificação penal será essencial para que a gravidade do caso seja reconhecida e punida de forma proporcional.

O Ministério Público afirma confiar no trabalho da Polícia Civil, especialmente da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A instituição destaca o empenho da equipe e a condução das investigações pelo delegado Alcino Ferreira Júnior, apontado como atuante de forma diligente e técnica na busca pela elucidação dos fatos.

Sair da versão mobile