A morte do ativista cultural, jornalista e colunista social Moisés Alencastro de Souza, aos 59 anos, causou grande comoção em Rio Branco e em todo o Acre. Reconhecido por sua atuação na cultura, no jornalismo e no serviço público, Moisés recebeu inúmeras homenagens de autoridades, entidades e representantes da sociedade civil, que destacaram sua trajetória, humanidade e compromisso social. Na manhã desta terça-feira, 23, personalidades políticas e do cenário cultural manifestaram pesar pelo falecimento.
O ativista LGBTQIAPN+ Germano Marino divulgou uma mensagem pedindo serenidade e respeito neste momento de dor. Ele ressaltou que as autoridades competentes já atuam na apuração dos fatos e pediu cautela para evitar especulações que possam ampliar o sofrimento de familiares, amigos e da comunidade. “O que nos cabe agora é o respeito, o silêncio solidário, a oração e o acolhimento mútuo”, afirmou, destacando que a memória de Moisés deve ser honrada com dignidade e empatia.
O diretor de cinema Sérgio de Carvalho relembrou que foi Moisés quem o apoiou quando chegou ao Acre. “Meu parceiro de ir ao cinema, aos terreiros e aldeias. De projetos, festas, alegrias. O quanto segurou na minha mão tantas vezes. Como um irmão mais velho. Mais novo. Mas, estas palavras agora não chegam. A dor é grande! Destas que silenciam, apertam o peito e nos deixa sem ar”, disse, acrescentando que a notícia do assassinato de Moisés tirou-lhe o chão. “Sua morte nos chegou no mesmo dia em que há 37 anos matavam Chico Mendes, que você tanto admirava. No momento, espero que a justiça não tarde muito. Que tamanha maldade não fique impune. Que Xangô reine!”.
Em nota oficial, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) no Acre lamentou profundamente a perda de Moisés Alencastro, militante histórico da sigla. Natural do Ceará, Moisés iniciou sua trajetória política no movimento estudantil e manteve, ao longo da vida, uma militância pautada por ideais humanistas, pela defesa das liberdades individuais e das causas populares. O partido ressaltou sua alegria, bom humor e capacidade de mobilização, além de cobrar rigor na apuração das circunstâncias da morte. “Sua partida deixa uma imensa lacuna na vida política e partidária”, diz o texto.
O deputado federal Roberto Duarte também manifestou pesar, lembrando da generosidade e acolhimento de Moisés, a quem conheceu ao chegar ao Acre. Em nota, o parlamentar se solidarizou com familiares e amigos, desejando conforto neste momento de perda irreparável. “Moisés foi uma das primeiras pessoas que conheci ao chegar ao nosso estado, alguém que marcou sua trajetória pela forma generosa, acolhedora e pela contribuição à comunicação e à vida social do Acre. Neste momento de dor, me solidarizo com seus familiares, amigos e todos que tiveram o privilégio de conviver com ele”.
A vice-governadora do Acre, Mailza Assis, destacou o papel de Moisés como jornalista, colunista social, ativista cultural e servidor do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC). “Moisés foi uma figura querida em Rio Branco, reconhecido pelo seu compromisso com a cultura, pela dedicação ao serviço público, onde atuava com zelo e humanidade no Centro de Atendimento à Vítima do MPAC”
O Ministério Público do Estado do Acre também divulgou nota de pesar, lembrando que Moisés Ferreira Alencastro atuava com dedicação no Centro de Atendimento à Vítima (CAV) e em outros setores da instituição. Em nome de membros e servidores, o MPAC expressou solidariedade aos familiares e amigos, rogando conforto para enfrentar a perda. “Neste momento de dor, o MP acreano, em nome de seus membros e servidores, expressa solidariedade e condolências aos familiares e amigos, rogando conforto e força para enfrentar esta perda”.
Investigação
A Polícia Civil investiga a morte de Moisés Alencastro como possível latrocínio (roubo com resultado morte). O corpo foi encontrado na noite de segunda-feira, 22, dentro do apartamento onde ele morava, em um condomínio no bairro Morada do Sol, em Rio Branco. A vítima apresentava diversas perfurações por faca nas regiões da costela, abdômen e pescoço.
O veículo de Moisés foi localizado posteriormente na estrada do Quixadá, o que reforça a principal linha de investigação. Não havia sinais de arrombamento no imóvel, e a polícia deve ouvir testemunhas, analisar imagens de câmeras de segurança e aguardar os laudos periciais para esclarecer as circunstâncias do crime.
Enquanto as investigações seguem, a sociedade acreana se une em luto para homenagear a memória de Moisés Alencastro, lembrado por sua atuação cultural, sensibilidade humana e dedicação às causas sociais.








