Episódios chocantes, indignação, mas, também, uma pontada de orgulho e celebração. Entre denúncias de preconceito que ganharam repercussão nacional, a exposição da precariedade da Educação no campo e conquistas históricas no esporte, revela-se o retrato complexo de um estado que convive com desafios estruturais antigos, mas também alcança feitos inéditos e se reinventa. Veja alguns deles:
Estudante de medicina ofende acreanos
A fala preconceituosa de uma estudante de medicina da Universidade Federal do Acre (Ufac) ganhou enorme repercussão em abril 2025. Assúria Mesquita, filha do secretário de Estado Assur Mesquita, publicou mensagens nas redes sociais afirmando ter “asco de acreanos” e chamando a população de “povo seboso”.

As declarações geraram indignação imediata, manifestações de repúdio de entidades estudantis e profissionais e levaram o Ministério Público do Acre a instaurar investigação por possível crime de xenofobia.
Assúria divulgou uma nota de retratação, reconhecendo o erro e pedindo desculpas.
Escola em curral
A precariedade da educação no campo ganhou destaque nacional quando, no último dia 9 junho, o programa Fantástico, da TV Globo, exibiu reportagem mostrando crianças tendo aula em um antigo curral, improvisado como anexo da Escola Estadual Limoeiro, na zona rural de Bujari.
Sem paredes, piso ou água encanada, o espaço passou a ser a única alternativa para garantir aulas a alunos que enfrentam longas distâncias a pé ou a cavalo. A reportagem mostrou ainda a professora que, sozinha, dá aulas, prepara merenda e mantém a rotina escolar funcionando.

Após a repercussão, o governo do Estado entregou uma nova unidade, enquanto o Ministério Público abriu procedimento para apurar responsabilidades.
Queimaduras em recém-nascida
Um episódio envolvendo negligência no atendimento da rede pública de Saúde, em Cruzeiro do Sul, causou comoção na população acreana. Uma recém-nascida, batizada de Aurora Maria, de apenas três dias, sofreu queimaduras, no dia 22 de junho, de segundo e terceiro graus após um banho no Hospital da Mulher e da Criança do Juruá.

A família denunciou que a água utilizada pela técnica de Enfermagem estaria excessivamente quente. Inicialmente, e a gravidade das lesões levou à transferência da criança para a UTI neonatal em Rio Branco e, posteriormente, para o Centro de Tratamento de Queimados em Belo Horizonte.
O caso foi investigado pelo Ministério Público. A Secretaria de Saúde alegou a possibilidade de uma doença dermatológica rara, o que foi descartado após os exames. Após mais de um mês de tratamento fora do estado, a bebê retornou ao Acre em recuperação.
Ramon Dino entra para a história do esporte brasileiro
O Acre também viveu um momento de orgulho. O fisiculturista Ramon Dino, natural de Rio Branco, conquistou, em 12 de outubro, o título do Mr. Olympia 2025, na categoria Classic Physique, tornando-se o primeiro homem brasileiro a vencer a competição mais prestigiada do fisiculturismo mundial.

Após anos como vice-campeão, Dino brilhou em Las Vegas e consolidou seu nome entre os maiores atletas da modalidade. A vitória teve repercussão no estado e no país, sendo celebrada como um marco histórico para o esporte brasileiro.
Bebê que “ressuscitou” no próprio velório
Um dos casos mais impactantes do ano foi a morte do recém-nascido José Pedro, declarado morto logo após o parto na Maternidade Bárbara Heliodora, em 25 outubro deste ano, em Rio Branco. O corpo chegou a ser liberado para a família e levado ao cemitério. Minutos antes do sepultamento, um choro rompeu o silêncio e revelou que o bebê ainda estava vivo.

José Pedro foi levado às pressas de volta à maternidade e internado em estado gravíssimo na UTI neonatal, mas não resistiu e morreu dois dias depois, vítima de sepse neonatal e choque séptico.
O governo do Estado afastou a equipe responsável pela constatação do óbito, enquanto Polícia Civil, Ministério Público e Conselho Regional de Medicina abriram investigações para apurar responsabilidades.








