Após sete dias internado no Hospital DF Star, em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem alta prevista para a manhã desta quinta-feira, 1º. Embora a cirurgia de hérnia tenha evoluído sem complicações, a coletiva médica desta quarta-feira, 31, trouxe à tona um quadro mais complexo, envolvendo crises persistentes de soluço, diagnóstico de depressão, distúrbios graves do sono e a necessidade de cuidados contínuos após a saída da unidade hospitalar.
Internado inicialmente para a realização de uma herniorrafia inguinal bilateral, Bolsonaro teve o pós-operatório marcado por episódios intensos de soluço, que passaram a ser o principal desafio da equipe médica. A tentativa de controlar o problema por meio do bloqueio do nervo frênico reduziu a intensidade das crises, mas não foi suficiente para cessá-las completamente.
Segundo o cirurgião Cláudio Birolini, a resposta parcial ao procedimento levou os médicos a considerarem uma origem neurológica para o problema. “Quando o bloqueio não resolve, entendemos que o estímulo não vem do diafragma, mas possivelmente do sistema nervoso central”, explicou. Diante disso, novas intervenções cirúrgicas foram descartadas, e o tratamento seguirá com medicamentos e terapias de suporte, como fonoaudiologia e exercícios de recrutamento diafragmático.
Durante a coletiva, a equipe também revelou um aspecto sensível do quadro clínico: Bolsonaro apresenta sintomas de depressão e enfrenta dificuldades severas para dormir. O cardiologista Brasil Caiado afirmou que o estado emocional do ex-presidente piora significativamente nos períodos em que os soluços se intensificam. A pedido do próprio paciente, foi iniciado o uso de antidepressivos durante a internação.
Exames de polissonografia confirmaram ainda um diagnóstico de apneia do sono severa, com cerca de 50 episódios de interrupção da respiração por hora. Bolsonaro já iniciou o uso do aparelho CPAP no hospital e deverá manter o tratamento de forma contínua após a alta.
Apesar de picos de pressão registrados após os procedimentos neurológicos, o quadro geral é considerado estável. A recuperação da cirurgia segue dentro do esperado, sem sinais de infecção ou outras intercorrências. A equipe médica informou que a liberação definitiva ocorrerá após avaliação na visita da manhã, com o horário de saída definido pela superintendência.
Os médicos reforçaram que a Polícia Federal receberá uma lista rigorosa de recomendações, incluindo cuidados para evitar quedas, uso correto do CPAP, controle da pressão arterial e alimentação fracionada, já que exames apontaram esofagite e gastrite erosiva — condições que podem agravar os soluços.
Com informações do Times Brasil