Entre posses, rupturas, alianças e polêmicas, 2025 foi um ano movimentado na política acreana. Logo nos primeiros dias, a renovação expressiva nas prefeituras e câmaras municipais redesenhou o mapa político do estado, enquanto o xadrez eleitoral de 2026 começava a ser montado bem antes da largada oficial.
A visita histórica do presidente Lula colocou o Acre no centro do debate nacional. Embates públicos entre figuras políticas e episódios que misturaram vida pessoal e atuação pública completam o panorama deste ano que se encerra.
Esta retrospectiva ajuda a entender não apenas 2025, mas os caminhos e as tensões que apontam para o futuro do Acre e dos acreanos.
O ano começou com a posse dos 22 prefeitos eleitos em outubro de 2024, com 14 sendo reconduzidos ao cargo. Além deles, também tomaram posse os 241 vereadores eleitos. Em Rio Branco, o prefeito Tião Bocalom (PL) foi empossado ao lado do vice, Alysson Bestene (PP), e, dois dias depois, já enfrentou polêmica. Ele sancionou o aumento de 90% no salário de seus secretários, que ganhavam R$ 15 mil e hoje recebem R$ 28,5 mil.
A Câmara de Rio Branco teve acréscimo no número de vereadores (de 17 para 21). A posse foi marcada pela eleição da mesa diretora, com o novato Joabe Lira (União Brasil) alçado ao posto de presidente. A renovação na Casa legislativa foi de 60%, com apenas sete se reelegendo. Aliás, o Acre ocupou o topo do ranking dos estados com o maior percentual de renovação para as câmaras municipais, com 54,82%, segundo o TSE.
A posse dos eleitos alterou o tabuleiro político local, com o Republicanos emergindo das urnas como o segundo maior partido do Acre, atrás apenas do Progressistas. Além disso, o estado conheceu um novo deputado federal, Zé Adriano (PP), que ocupou a cadeira deixada por Gerlen Diniz (PP), eleito prefeito de Sena Madureira.
2 – Visita do presidente Lula ao Acre
O ano de 2025 também foi marcado pela primeira visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Acre em seu terceiro mandato. O petista veio ao estado em agosto, com uma comitiva de peso formada por seis ministros e diretores de órgãos e autarquias federais. Na ocasião, ele anunciou investimentos que superam R$ 1 bilhão.
Entre os setores que tiveram verbas federais garantidas estão infraestrutura, transportes, energia, educação e regularização fundiária, com destaque para reparos na BR-364, que, sozinha, recebeu recursos na ordem de R$ 870 milhões para manutenção e recuperação em quatro lotes, beneficiando cerca de 60% da população do Acre.
A visita do presidente também foi marcada por polêmicas, com Lula chamando o então deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) de “traidor” e “moleque”; com o ex-governador Jorge Viana (PT) alfinetando o ex-presidente Jair Bolsonaro; com o governador Gladson Camelí (PP) rasgando elogios a Lula; e com o prefeito Tião Bocalom (PL) se negando a participar da agenda e tendo sua ausência criticada por Lula.
3 – Mailza, Alan Rick e Bocalom se firmam como pré-candidatos ao governo
Neste ano, os acreanos viram o tabuleiro político se movimentar visando as eleições estaduais de 2026, com a vice-governadora Mailza Assis (Progressistas), o senador Alan Rick (Republicanos) e o prefeito de Rio Branco Tião Bocalom (PL) se firmando como os principais pré-candidatos para a disputa no início de outubro.
O rompimento político de Rick com o governador Gladson Camelí, fruto da obstinação do senador em disputar o governo, marcou o início de 2025. Outro fato relevante foi a criação da federação PP/União Brasil, que fez com que Rick deixasse o partido para migrar para o Republicanos. No lançamento da junção partidária, Camelí bateu o martelo e, na presença de lideranças nacionais, anunciou Mailza como pré-candidata à sua sucessão.
Bocalom assistiu, quieto, a tudo isso. Até que, em meados do ano, começou a falar sobre a possibilidade de disputar o governo, passando a pavimentar sua pré-candidatura ao intensificar visitas ao interior. Com os três nomes postos, as pesquisas começaram a ser divulgadas e mostram favoritismo de Alan Rick.
4 – Governador Gladson Camelí no banco dos réus
Em 2025, o governador Gladson Camelí esteve no centro de um dos mais delicados embates judiciais envolvendo uma autoridade pública do Acre. Avançou no Superior Tribunal de Justiça (STJ) a ação penal, derivada da Operação Ptolomeu, que apura suspeitas de corrupção, lavagem de dinheiro, fraudes em licitação, entre outros.
Após a Corte Especial do STJ receber a denúncia apresentada pelo MPF, tornando formalmente Camelí réu, o ponto de maior impacto ocorreu no 2º semestre deste ano, quando a ação entrou em julgamento. A ministra Nancy Andrighi, relatora do caso, apresentou um voto duro, no qual julgou procedente a denúncia, fixando pena de 25 anos de reclusão em regime inicial fechado, multa e decretação da perda do cargo de governador.
Outros ministros ainda irão proferir seus votos para a sentença, que vai ficar para o começo do ano que vem. Paralelamente, nos momentos finais de 2025, o Supremo Tribunal Federal (STF) também interferiu no caso ao anular parte das provas produzidas na fase inicial da Operação Ptolomeu, reconhecendo ilegalidades na obtenção dos elementos probatórios. A decisão, porém, não tranca e nem anula a ação penal em curso no STJ.
5 – Polêmicas da política
O ano também foi marcado por polêmicas envolvendo personalidades políticas locais, com destaque para a deputada federal Antônia Lúcia (Republicanos), que tem exposto nas redes sociais a crise conjugal com o agora ex-marido, o também deputado federal Silas Câmara, do Amazonas, com relatos de traições e agressões.
Dois meses antes, a parlamentar já havia ganhado as manchetes ao protagonizar confusão com outra deputada federal do Acre, Socorro Neri (Progressistas), nas dependências da Câmara Federal, em Brasília.
Em maio, durante a 15ª Reunião Anual da Força-Tarefa dos Governadores pelo Clima e as Florestas (GCF), que reuniu, no Acre, representantes de 11 países, Gladson teve o discurso interrompido por manifestantes, que levantaram cartazes contra políticas ambientais de seu governo, em uma situação se transformou em uma confusão generalizada entre os seguranças do evento e os militantes.
Outra polêmica veio no contexto do rompimento do senador Alan Rick com o governador, ocasião em que a mãe, a irmã, o coordenador político e amigos do parlamentar federal foram exonerados de cargos que possuíam no governo do Acre.
6 – Obras públicas
Entre as obras públicas de maior relevância entregues para o povo do Acre, em 2025, destaca-se a Estrada Variante, em Xapuri, inaugurada após mais de 30 anos de espera e que beneficia mais de 18 mil pessoas.Ainda em Xapuri, a Ponte da Sibéria, entregue no fim de novembro, promete transformar a vida de milhares de xapurienses. A obra é outra demanda histórica de parte significativa dos moradores da terra de Chico Mendes.
Em Rio Branco, a ponte sobre o Igarapé Redenção, no quilômetro 6 da estrada Jarbas Passarinho, no bairro Apolônio Sales, tirou mais de 3 mil famílias do isolamento naquela região. A obra é da prefeitura.
