A liberação dos jogos de cassino é um dos temas que vem sendo falado com mais frequência no Congresso, em Brasília, nos últimos dois a três anos. Um novo projeto de lei, PLS 186/2014, vem sendo debatido, mas depois de sua recusa pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, no passado mês de março, o assunto voltou a “congelar” de novo. Todos os que estão contra aplaudem, mas será que a ideia está definitivamente afastada?
Jogos de azar: um tema que não vai embora
É a pressão dos empresários, o lobby dos políticos, a constatação que a maior parte dos países do mundo (em especial no mundo ocidental, entre a Europa e as Américas) tem os cassinos liberados sem problema algum… tudo isso vem mudando muitas opiniões e fazendo a roleta e as máquinas caça-níquel parecerem socialmente mais aceitáveis. Isso ajuda a que o tema não vá embora.
Até mesmo alguns setores mais conservadores da sociedade hesitam na hora de declarar impensável a liberação do jogo. O candidato Jair Bolsonaro já veio falar que “em princípio” é contra os jogos de azar, mas “vamos ver qual é a melhor saída.” E o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, vem recebendo empresários de Las Vegas interessados em investir na cidade.
A alternativa online
Na verdade, a proibição dos jogos de cassino, tal como existe, parece um pouco obsoleta, principalmente por via da explosão dos cassinos online nos últimos anos. Se nos primeiros anos da internet as plataformas eram pouco confiáveis, recentemente o mercado internacional se desenvolveu imenso. Vários países, como Malta, criaram legislação própria para regular a atividade dos cassinos online, e o próprio mercado de usuários se tornou mais maduro e exigente.
Tudo isso levou à consolidação de alternativas que os jogadores reconhecem como confiáveis e seguras – bem mais do que qualquer sala de jogo ilegal “física” no Brasil. Assim, enquanto os cassinos no Brasil não forem liberados, é certo que qualquer cidadão só precisará de um celular ou computador para acessar jogos virtuais de roleta ou caça-níquel. Não estamos mais em 1946.
Um cassino em Rio Branco: será?
Não é nova a ideia de liberar os jogos de cassino no Acre e em outros estados menos desenvolvidos do Norte do Brasil, criando novas Las Vegas (ela própria uma cidade situada em uma zona despovoada dos Estados Unidos). Na verdade, se o projeto de lei avançar tal como está, será mais desfavorável para a economia acreana. A ideia é que grandes “cassinos resorts” sejam autorizados de acordo com o número de habitantes em cada estado; os estados até 15 milhões de habitantes teriam direito a um cassino apenas.
É fácil de ver que os estados do Sul e Sudeste seriam beneficiados com essa medida, e os empresários internacionais já estão de olho na possibilidade de abrir cassinos no Rio ou no litoral paulista. Ainda assim, será que não há espaço para um cassino em Rio Branco, tentando dinamizar o turismo local?
Por outro lado, todos aqueles que são contra o jogo por uma questão de princípio, moral ou ideológico, têm pelo menos esse consolo: o Sudeste vai levar a maior parte do investimento em estabelecimentos de jogatina, e o Acre deverá se manter mais puro.