Uma rixa antiga entre um agricultor e índios Jaminawá acabou em morte na tarde de segunda-feira, 21, quando a Polícia Militar de Sena Madureira foi obrigada a atirar no indígena Jordão Paulino Jaminawá, que foi atingido com um tiro no peito direito e morreu quando era socorrido no Hospital João Câncio.
Segundo informações da polícia, por volta das 16h, os indígenas Jordão Paulino Jaminawá e Severino Orlando Jaminawá armados de faca, terçado e um revólver calibre 22, invadiram um açougue no Centro da cidade para matar o agricultor Francisco Araújo dos Santos, o “Beba”.
A polícia foi chamada e ao chegar ao local da ocorrência, o índio Severino Orlando já havia apertado o gatilho da arma diversas vezes, mas a arma não disparou. Neste momento, os índios se armaram com faca e terçado e aplicaram vários golpes na cabeça, pernas e tronco da vítima, chegando a decepar um dedo da mão de Francisco Araújo, quando os policiais militares chegaram e determinaram que largassem as armas. Somente Severino soltou a faca, mas o índio mais jovem, Jordão Paulino, continuou a golpear a vítima. Sem outra alternativa, um policial militar atirou contra o índio, que ao ser atingido foi socorrido pela guarnição e encaminhado ao Hospital geral daquela cidade, onde não resistiu ao grave ferimento e morreu.
Entenda a “guerra” entre índios e o agricultor
No começo do mês de setembro, o agricultor Francisco Araújo e um irmão participaram de uma festa na Aldeia Igarapé Preto, no Rio Caeté, onde consumiram bebida alcoólica e, já sob efeito do álcool, discutiram com um grupo de índios, dando início a uma briga generalizada em que o agricultor desferiu uma facada no índio Severino Orlando Jaminawá.
Temendo serem mortos pelos índios, os irmãos Santos fugiram para dentro da mata, mas foram perseguidos por vários índios parentes de Severino Jaminawá (a vítima da facada).
Os parentes de Severino Jaminawá conseguiram capturar o agricultor Francisco, o “Beba”, e tentaram matá-lo com sete facadas. Mesmo ferido, “Beba” conseguiu fugir dos índios, mas não conseguia sair da região por que os índios bloquearam a subida e descida do rio, único acesso para a cidade.
A Polícia Federal interveio e conseguiu desblo-quear o rio socorrendo o agricultor, que passou a morar na cidade temendo retornar para a região e ser assassinado pelos índios.
Com sede de vingança, índios “caçam” agricultor na cidade
Há vários dias os índios Jaminawá “caçavam” o agricultor para vingar a tentativa contra um parente deles.
Na tarde de segunda-feira, 21, quando o agricultor caminhava na companhia de um filho no Centro de Sena Madureira foi avistado pelos índios que o seguiram. Ao perceber que estava sendo seguido, “Beba” tentou se refugiar em um açougue, mas os índios não se intimidaram e invadiram o local.
Após a confirmação da morte do índio Jordão Paulino Jaminawá, o clima em Sena Madureira ficou tenso.
Uma concentração de ín-dios em frente ao Hospital João Câncio, onde estava o corpo do índio morto e o agricultor ferido, obrigou o envio de uma tropa de elite do Comando de Operações Especiais (Bope) da Capital para reforçar o policiamento e manter a ordem, sobretudo evitar novos confrontos.
O corpo do índio morto foi resgatado por uma equipe de Peritos do Instituto Médico Legal (IML) que teve de ser escoltada pelo Bope já que os parentes da vítima não que-riam deixar o corpo ser trazido para Rio Branco.
O agricultor ferido no confronto também foi transferido para o Pronto-Socorro sob escolta policial.
A polícia teme que o sentimento de vingança dos índios Jaminawá tenha sido fortalecida com a morte de Jordão Jaminawá e que novas investidas contra a família do agricultor “Beba” possa acontecer futuramente.