Ainda se recuperando da perda dos maridos, 59 mortos nos últimos 9 anos no Acre, as viúvas do DDT se deparam com o drama de também estarem contaminadas pelo pesticida, amplamente usado pelos ex-guardas da Sucam no combate à malária, como bem mostrou a matéria da jornalista Dulcinéia Azevedo, no último domigo.
Muitos levavam para casa o veneno, fazendo com que as companheiras entrassem em contato com o produto.O mais grave ainda é que os filhos também podem estar contaminados. Coincidência ou não o filho da 59ª vítima do DDT, nasceu com retardo mental.
Um dos casos mais críticos é o da viúva Gismarina da Silva, de 58 anos. Depois de acompanhar o sofrimento do marido e cuidar dele até o fim, agora é ela quem precisa de cuidados. Ela não sente as pernas, apresenta dificuldades para enxergar e problemas na garganta. Sintomas semelhantes aos do marido.
O fato é que mesmo depois de tantos anos de luta, os ex-guardas e as suas famílias não recebem qualquer acompanhamento, estão relegados à própria sorte. E a pergunta que se faz é: quantos ainda precisam morrer, para que os responsáveis se manifestem e passem a oferecer total assistência a essas famílias destruídas pelo DDT?