O Acre é a região do Brasil que registra o maior número de abalos sísmicos. A razão se dá pelo fato de o Estado estar localizado na borda da Placa de Naz-ca, que passa embaixo da Placa Sul-americana, formando as Cordilheiras dos Andes. A constante movimentação das placas tectônicas gera os tremores de terra de grande magnitude. O que livra a população acreana de ser afetada pelos abalos é que os mesmos acontecem, em sua grande maioria, a mais de 100 quilômetros de profundidade.
Registros do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília apontam o mapa do Acre como o Estado brasileiro onde mais se concentra os terremotos. O Vale do Juruá é a região mais afetada. Nesta semana foi registrado um tremor de 5,8 graus na escala Richter a 150 quilômetros de profundidade. O epicentro foi na cidade peruana de Pucallpa.
Assim como o Acre, o Peru é outra parte do continente vulnerável aos terremotos. O litoral do país recentemente foi devastado por um sismo de oito graus, matando mais de 500 pessoas e criando uma rede mundial de solidariedade. “A América do Sul está indo de encontro ao fundo do Oceano Pacífico, que é a Placa de Nazca. Ao se chocarem cria-se as cordilheiras e provoca os terremotos. No fundo do Acre a Placa de Nazca está sendo consumida”, explica o paleontólogo Alceu Ranzi, da Universidade Federal do Acre.
Nas zonas de contato entre essas placas ocorrem os maio-res e mais freqüentes abalos. De acordo com o especialista, somente atritos que acontecem a poucos quilômetros da superfície são sensíveis. É o caso do que aconteceu com o Haiti, quando houve a movimentação das placas tectônicas do Caribe e Norte-americana.
O tremor foi de 7 graus e a 10 quilômetros de profundidade. “Cada vez que acontece um terremoto o Oceano Atlântico fica mais largo e América do Sul se afasta da África”, esclarece Ranzi.
Com um processo de urbanização em constante crescimento, o Acre, defende ele, precisa se preparar melhor para eventuais sinistros. Um dos mecanismos, afirma, seria o Estado ter seus próprios observatório sismológicos. “Não podemos depender somente dos Estados Unidos ou de Brasília para saber o que aconteceu aqui. Precisamos ter o nosso controle e dizer onde a coisa aconteceu”. Para ele, a Funtac (Fundação de Tecnologia do Acre) seria a melhor instituição para a instalação destas estações – uma delas no Juruá.