O Acre sofre as conseqüências da rescisão contratual entre a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e a Beta Brazilian Express. Desde outubro do ano passado, quando a empresa deixou de realizar o transporte de cargas da Rede Postal Aérea Noturna, uma correspondência – vinda do sul do país – que chegava em dois dias no Estado, está demorando agora até cinco dias.
A demora, segundo o diretor Regional dos Correios no Acre, João D´Ávila, é porque o transporte nas linhas que eram cobertas pela Beta passou a ser feito via terrestre. “A carga dos Correios vem por terra até Porto Velho, em Rondônia, de lá é retomada a rota aérea”, explica.
É aí onde reside o problema. Uma viagem de São Paulo, por exemplo, até Rondônia pode demorar entre três a quatro dias. Dependendo das condições do tempo e da malha viária até mais. Uma média de 25 mil objetos são transportados dia-riamente para o Acre via Cor-reios, com o atraso de apenas dois dias o acumulo de encomendas salta para 50 mil.
Apesar de João D´Ávila assegurar que já comunicou a situação à direção nacional da ECT, em Brasília, o problema já perdura há mais de três meses. Em Rio Branco, o clima é de revolta. As reclamações são principalmente de faturas de cartões de crédito e de documentos originais que são remetidos ao Estado e não estão chegando ao destino. Já se pensa, inclusive, em solicitar o apoio da Força Aérea para o transporte das cargas.
A pensionista Maria das Graças Costa de Castro, por exemplo, afirma que solicitou um cartão de crédito e apesar da confirmação da aprovação e posterior envio, o mesmo nunca chegou. “Há quase 30 dias que estou aguardando e não recebo nada, isso é uma vergonha”, protesta, pedindo a seguir a intervenção da bancada federal em Brasília para resolver o problema.
ENTENDA O CASO
O contrato entre a Beta Brazilian Express e a ECT foi rescindindo a partir de orientação dada pelo Tribunal de Contas da União. De acordo com o TCU, a empresa, junto com outras duas, simularam competição em pregão realizado pelos Correios para a contratação de serviços de transporte aéreo de cargas da Rede Postal Aérea Noturna (RPN).
A fraude, no entendimento do TCU impediu a isonomia entre os participantes no pregão e prejudicou os Correios na obtenção da melhor proposta para a prestação dos serviços. A partir da constatação, as empresas passaram a ser consideradas “inidôneas” pelo Ministério das Comunicações e estão impedidas de contratar com a administração pública pelo prazo de cinco anos.