Em nota oficial divulgada na tarde desta quarta-feira (13), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que se sente “profundamente consternado” com as consequências do terremoto que atingiu o Haiti, principalmente em razão da presença de brasileiros que participam da força de paz da ONU no país. Lula lamentou a morte de Zilda Arns, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, e dos militares brasileiros que estavam no país. Ao menos 11 morreram na tragédia.
“Profundamente consternado com a tragédia que atingiu o Haiti, ao qual nos sentimos vinculados fraternalmente em razão da presença da Força de Paz liderada pelo Brasil, transmito meu pesar e minha total solidariedade ao povo haitiano e à família das vítimas brasileiras, civis e militares, em especial à de Zilda Arns, coordenadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa e conselheira do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Que Deus dê conforto a todos nesse momento doloroso”, diz a nota.
Inspirador da ação humanitária conduzida pela irmã desde 1982, o arcebispo emérito de São Paulo dom Paulo Evaristo Arns afirmou hoje que Zilda “morreu de uma maneira muito bonita, na causa em que sempre acreditou”.
“Acabo de ouvir emocionado a notícia de que minha caríssima irmã sofreu com o bom povo do Haiti o efeito trágico do terremoto. Que nosso Deus, em sua misericórdia, acolha no céu aqueles que na terra lutaram pelas crianças e os desamparados. Não é hora de perder a esperança”, afirmou.
A médica pediatra de 75 anos de idade palestrava por países da América Central e do Caribe durante o incidente. Dom Paulo foi avisado da morte da irmã pelo chefe de Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Mais cedo, ele rezou uma missa pelas vítimas no Haiti, que, segundo estimativas, podem chegar aos milhares.
O atual cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, está viajando. A Arquidiocese paulistana divulgou nota de pesar por Zilda Arns. “Agradecemos a Deus o dom de sua vida, que enriqueceu a sua família, a Igreja Católica Apostólica Romana e o Brasil. Reconhecemos a força de sua fé, vivida na família, na sua comunidade paroquial, em sua Diocese e a serviço das dioceses do Brasil, através do serviço prestado à Pastoral da Criança e à Pastoral da Pessoa Idosa” diz o texto.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou que a morte da coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns, foi uma das perdas “mais expressivas” do país. “Ela era um exemplo extraordinário de dedicação às crianças, aos pobres e às causas sociais. Era uma referência”, afirmou.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, lamentou a perda da médica cuja “admirável obra em prol de milhões de pessoas de todas as nacionalidades honrou o Brasil e orgulhou os brasileiros”. Ele afirmou em nota que o exemplo de Zilda “sempre associado à bonomia, competência e humildade, há de repercutir perenemente na formação moral e ética dos brasileiros”.
O governador de São Paulo, José Serra, lamentou a perda da amiga e citou parcerias. “Zilda Arns era uma mulher extraordinária. Movida pela fé cristã, conhecedora do espírito de solidariedade do nosso povo, simbolizava como ninguém o trabalho da Pastoral da Criança”, disse ele em nota. Serra também decretou luto oficial por três dias.
“Quando ministro da Saúde, a Pastoral da Criança, e dona Zilda, foram nossos principais parceiros no combate à mortalidade infantil. Como indivíduo, ninguém fez tanto em nosso país pela vida das crianças quanto Zilda Arns. Sua perda é dolorosa para todos nós. Para mim, foi-se uma amiga, muito querida”, afirmou.
O governador do Paraná, Roberto Requião, declarou luto oficial por três dias. Foi em seu Estado que Zilda iniciou os trabalhos da Pastoral da Criança, em 1983. “Morreu no Haiti minha amiga Zilda Arns. Grande perda para o Brasil e dor para os amigos”, escreveu ele no microblog Twitter.
Ligado à Pastoral da Criança, o senador Tião Viana (PT-AC) escreveu: “a doutora Zilda Arns perde a vida ao lado dos pobres do mundo. Milhões de pastorais choram”. Estimativas da entidade apontam que mais de dois milhões de crianças foram beneficiadas pelo trabalho da médica. “Desfrutei com a doutora Zilda especiais encontros sobre a vida, sobre fraternidade, sobre valores humanos. Respeito eterno.”
O corpo de Zilda será trazido do Haiti em avião da Força Aérea Brasileira (FAB). O velório e enterro serão em Curitiba, onde moram os quatro filhos da médica.
(Uol com informações da Agência Estado e da Agência Brasil)