Será concluída este ano a Rodovia Transoceânica, empreendimento de 1,8 bilhão de dólares, investido pelos governos brasileiro e peruano e a iniciativa privada. Trata-se de uma estrada de 2,6 mil quilômetros ao longo da Floresta Amazônica e dos Andes, estabelecendo estratégica ligação do Brasil com o Oceano Pacífico. Seu traçado parte de Rio Branco, no Acre, e segue por 344 quilômetros em território brasileiro. Cruza a fronteira com o Peru, percorrendo mais 2.256 quilômetros, cortando a Floresta Amazônica e a Cordilheira dos Andes, até chegar a três portos do país vizinho: Ilo, Matarani e San Juan de Marcona.
Com a iminente conclusão da obra, é muito importante que a opinião pública nacional e os setores produtivos, em especial os exportadores, tenham maior clareza sobre a importância dessa fantástica rodovia, que abre uma nova rota comercial para o Brasil, via Oceano Pacífico, com inegável impacto no processo logístico do comércio internacional, principalmente nas exportações à Ásia, o mercado externo mais dinâmico atualmente.
Além desse grande benefício econômico para todo o Brasil, a rodovia representará inegável fator de desenvolvimento regional, não apenas no Acre, onde começa, como nos estados vizinhos e vasta área do território do Peru. Estudo da Federação das Indústrias do Estado Acre (Fieac) mostra que o vasto mercado a ser aberto pela estrada envolve sete milhões de consumidores. Será estabelecido um novo pólo de fomento comercial e intercâmbio na América do Sul, com impactos positivos na indústria, comércio, hotelaria e turismo em geral.
Para consolidar essas inegáveis perspectivas positivas, a Fieac vem defendendo há alguns anos a adoção de medidas capazes de mitigar a burocracia na fronteira e facilitar a integração. Felizmente, tais propostas foram contempladas nos acordos firmados em dezembro último pelos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Peru, Alan Garcia, durante visita de delegação brasileira ao Peru.
Na ocasião, foram regulamentados os vôos fronteiriços entre Cuzco/Porto Maldonado/Rio Branco e Pucalpa/Cruzeiro do Sul, o livre trânsito de moradores de fronteira e os transportes fluviais nos rios amazônicos que ligam as regiões peruanas ao Acre e Rondônia. Também ficou estabelecido o livre trânsito de veículos turísticos entre os dois países, além de facilitadas as atividades da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) para o desenvolvimento do comércio. Aliás, para as indústrias instaladas na capital do Amazonas, a nova rota comercial será muito importante.
A conclusão da Rodovia do Pacífico diminui em seis mil quilômetros o percurso que os produtos de nosso país têm de percorrer até chegar aos bilhões de consumidores chineses, japoneses, indianos, coreanos e de outras nações asiáticas. A distância menor poderá significar sensível redução de custo dos fretes, agregando mais um diferencial competitivo aos manufaturados e commodities brasileiros no comércio exterior.
*João Francisco Salomão é o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre – Fieac ([email protected]).