A pergunta que mais me fazem ultimamente é se serei candidato novamente ao Senado. Esta resposta não pode se limitar a um simples sim ou não. Para respondê-la, começo dizendo, como sempre, que meu nome está à disposição do meu partido e das oposições em geral. Não sou e nem posso ser candidato de mim mesmo. Candidatura tem a ver com projeto político-partidário, e este, por natureza, tem apelo coletivo. Projeto pessoal, diferentemente, é aspiração individual e diz respeito à atuação profissional.
Profissionalmente já sou bem sucedido: sou procurador da Fazenda Nacional, cargo público conquistado através de concurso público. Neste ofício já estou realizado e muitíssimo bem remunerado. Candidatura não deve resultar de aspiração pessoal, e sim de disposição pes-soal. Nesse campo sinto-me como uma peça a mais em um quebra-cabeça político. Preciso perceber que me encaixo em algo que, ao final da montagem, faça algum sentido não só para mim, como para o grupamento político ao qual pertenço, para o Estado e para a população. Se tal não ocorrer, as postulações pessoais não se sustentam.
Ainda no plano pessoal, sinto-me motivado pela aprovação da parcela da população que acompanha meu trabalho, notadamente daqueles que acompanham a TV Senado. De parte de organismos nacionais que se voltam para o acompanhamento da atuação dos parlamentares federais também colho boa avaliação, a exemplo do DIAP, que nos últimos anos me relaciona entre os “Cabeças do Congresso Nacional”. Ocorre que por estar alijado de grande parte da mídia estadual, por imposição e intolerância do grupo político ora no poder, minha atuação parlamentar passa despercebida de boa parcela da população acreana. Mas não ao ponto de não poder suprir-se a lacuna ao longo da campanha política, principalmente através do horário eleitoral gratuito. Por estar fora de grande parte da mídia estadual, o acompanhamento do meu mandato é falho, inclusive, por parte de muitos parceiros que militam na política dentro das oposições. Tal fato talvez esteja na origem da ausência de referência ao meu nome por parte de colegas da oposição, quando se cogita de candidaturas ao Senado.
Mas saindo do plano pes-soal, preocupa-me sobremodo a escassa compreensão do conjunto das oposições acerca de como devemos nos organizar para as próximas eleições. O quadro de indefinições presentemente oferecido pelas oposições no Acre pode levar a população a eliminar possibilidades e adiar a rea-lização de seu propósito de promover a alternância de poder, para a qual ultimamente ela já sinaliza. Para reverter essa tendência, precisamos oferecer ao eleitorado, logo mais, um quadro definido e definitivo de candidaturas e dizer claramente a que propósito elas estão postas. Doze anos de uma mesma gestão impõe a necessidade de uma grande avaliação. Afinal, a população deseja a permanência do que aí está, com seus erros e acertos, ou pretende vincular-se a outro projeto, a novos objetivos? Se a resposta for pela mudança, precisamos identificar as principais aspirações dos nossos conterrâneos e comprometer nossos candidatos com esse novo projeto.
Fora isso, estaremos brincando de fazer política, brincando com coisa séria. Nesse contexto, por exemplo, não há espaço para duas candidaturas de oposição ao Governo do Estado. Se essa pulverização fosse boa o PT lançaria três candidatos dentro do seu grupo. Temos que nos convencer que a próxima eleição terá que ser plebiscitária. Além disso, como há duas vagas para o Senado, não há porque concorrermos com apenas um candidato. Se tal vier a ocorrer, estaremos passando à população a idéia de que nos julgamos fracos e impossibilitados de alcançar conquistas maiores. Precisamos, ainda, conquistar o maior número de cadeiras tanto para a Câmara dos Deputados como para a Assembléia Legislativa. Tudo isso ligado fortemente a uma candidatura nacional. Identifico na provável candidatura do governador Serra a possibilidade de nos vincularmos a uma proposta importante de ajudarmos a promover a alternância político-administrativa também no plano federal. Serra, com sua correção, capacidade administrativa e compromisso com o país, representa a possibilidade de promovermos intenso desenvolvimento interno, sem o ambiente de avacalhação hoje reinante, que considero a contribuição negativa mais expressiva do atual Governo Federal.
São estas as variáveis que condicionam uma candidatura minha à reeleição ao Senado. Espero que sejamos inoculados de grandes doses de humildade e desprendimento capazes de nos permitir ter a melhor visão e a melhor participação no processo. Do contrário…..
Geraldo Mesquita Jr
(Senador pelo PMDB/AC)