Impulsionada pelo pagamento do 13º salário dos trabalhadores, a caderneta de poupança acumula uma captação recorde de recursos em dezembro deste ano, quando os depósitos na mais tradicional modalidade de investimentos do país ultrapassaram as retiradas em R$ 9,85 bilhões, na parcial até o dia 23 do mês passado. Os dados são do Banco Central. O resultado final de dezembro, e de 2010, será divulgado pelo BC nos próximos dias.
De acordo com a série histórica disponibilizada pela autoridade monetária, se confirmado para todo mês de dezembro, este será o maior ingresso de recursos para um mês fechado desde janeiro de 1995 – quando os dados começaram a ser contabilizados. Até o momento, a maior entrada líquida de recursos (depósitos menos retiradas) na caderneta de poupança foi registrada em dezembro de 2007, no valor de R$ 9,13 bilhões.
Segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o pagamento do décimo terceiro salário injetou cerca de R$ 85 bilhões na economia brasileira nos últimos dois meses de 2009.
Comportamento em 2009
Neste ano, a poupança registrou retirada de recursos nos meses de janeiro, março e abril deste ano. O resgate do investimento pelos poupadores aconteceu no período em que a crise financeira internacional teve maior impacto sobre a economia brasileira, ou seja, no fim de 2008 e início de 2009. De maio em diante, a poupança passou a registrar, novamente, ingresso de recursos.
Acumulado do ano
No acumulado de janeiro a 23 de dezembro de 2009, os depósitos na poupança já superam os saques em R$ 31,09 bilhões na caderneta de poupança, segundo informações do Banco Central. Em todo ano de 2008, o ingresso de recursos somou R$ 17,75 bilhões. Com isso, houve um crescimento de 75% na parcial de 2009.
Em 23 de dezembro deste ano, o volume total de recursos depositado na caderneta de poupança chegou aos R$ 319,54 bilhões, contra R$ 270,44 bilhões estavam aplicados na poupança no fim de 2008.
Mudanças na poupança
Com o processo de queda dos juros no primeiro semestre de 2009, cresceu a atratividade da poupança frente aos fundos de renda fixa. Preocupado com uma eventual fuga de investidores dos fundos, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a anunciar mudanças na tributação da poupança para 2010. A idéia era taxar aplicações acima de R$ 50 mil com uma alíquota de 22,5%.
Segundo Mantega, isso deixaria de fora os pequenos poupadores, pois dados da equipe econômica indicam que 99% dos investidores da poupança não têm saldo acima de R$ 50 mil nesta modalidade de investimentos. Entretanto, por ser impopular, a proposta não tem sido levada adiante pelo Governo Federal.
Expectativa de subida dos juros
Desde o fim de setembro, cresceu, porém, a percepção, no mercado financeiro, de que os juros podem subir no próximo ano. Isso se deve à divulgação, por parte do Banco Central, do relatório de inflação do terceiro trimestre, documento no qual a autoridade monetária prevê aumento da inflação no fim de 2010 e início de 2011, impulsionado pelos gastos públicos.
Deste modo, argumentam parlamentares e membros do governo, não haveria necessidade imediata de taxar a poupança (cuja atratividade cresce na medida em que os juros caem). O próprio ministro Guido Mantega já descartou taxar poupança em 2010. (G1)