O ex-deputado federal, Zico Bronzeado (PT), encontrou seu lugar de atuação social depois da derrota em 2006. Apesar de ter conseguido 30% a mais de votos do que na eleição ante-rior, perdeu a sua vaga na Câmara Federal. Mas soube se articular para continuar ajudando no desenvolvimento econômico e social do Alto Acre. Zico se tornou membro de um consórcio social regional e atua diretamente com os problemas coti-dianos do Alto Acre. Ele fala ainda das possibilidades de se candidatar novamente a deputado estadual. E também dos problemas criminais que envolveram recentemente a sua família.
A vida segue depois da derrota
O ex-deputado avalia a sua vida política depois da derrota. “O privilégio de descer a planície é bom para se fazer uma avaliação do que se fez e ainda se pode fazer. Um mandato, muitas vezes, ajuda abrir portas e fechar as que atrapalham. Agora, estou trabalhado no Consórcio de Desenvolvimento do Alto Acre ajudando na organização territorial e nos planos diretores dos municípios de Capixaba, Xapuri, Brasiléia, Epitaciolândia e Assis Brasil. A gente tem tido uma política mais regional na questão am-biental e de resíduos sólidos e isso faz com que a população do Alto Acre tenha mais conscientização de uma organização regional. Com isso vamos fazendo uma ponte entre os poderes municipais e estadual. Depois de perder a minha cadeira como deputado federal estou mais próximo da população. Brasília já diz tudo, o Planalto Central, a gente fica lá e muitas vezes fica ausente dos problemas locais apesar de se poder ajudar as prefeituras, mas fica mais distante das populações isoladas.
Agora, estou no meio dos problemas podendo ajudar até mais. Muitas vezes numa conversa com um cidadão a gente tem a dimensão do que é possível ser feito. Estou tendo também a experiência de ver os nossos administradores municipais, como a prefeita Leila Galvão (PT), que está num processo muito forte de construção de Brasiléia. Vendo as coisas acontecer ainda do meu mandato como os recursos liberados pelas emendas que coloquei. Estou ajudando estando próximo e participando de todas as discussões administrativas e políticas do Alto Acre”, analisou.
Relação entre o PT e o PSB no Alto Acre
Houve muita especulação de um possível desentendimento entre o PT e o PSB, em Brasiléia, aliados tradicionais. Zico Bronzeado desmente as boatarias. “Nós temos uma aliança forte com o PSB. Inclusive, com o vice-prefeito e dois vereadores na Câmara de Brasiléia e um deputado estadual, que é o Delogem Campos (PSB), que tem sido um grande parceiro. Mas não deixa de ter alguns problemas de ordem administrativa. Às vezes, tem que se remanejar um secretário ou assessor e a imprensa comenta. Mas não teve nenhum ato que maculasse ou arranhasse a relação com o PSB. A Leila está tendo respeito com os aliados. Apesar de faltar um pouco de diálogo entre o executivo e os partidos da base, mas nenhuma situação que não fosse natural num processo de aliança. As aves de mau agouro querem destruir um processo de aliança construído há mais de 10 anos”, argumentou.
Possível candidatura
Quanto ao seu futuro político, Bronzeado, ainda tem dúvidas. “Sou um soldado filiado do PT e a disposição do partido. Saí de uma eleição para deputado federal, em 2006, onde tive 30% a mais de votos apesar de ter perdido a eleição. Eleitoralmente perdi ganhando. Acredito que haja dois espaços em discussão. Um quase descartado para deputado federal, mesmo sabendo que perdemos aliados importantes no PT no plano federal. Mas quero ver com o meu partido onde posso ser útil. Nós tínhamos no Alto Acre dois deputados estaduais e um federal. Hoje só temos o Delorgem que é importante para a região, mas são 24 assentos na Aleac e dá para dividir regionalmente maiores espaços. Acredito que posso ser útil na Aleac para minha região. Mas não tenho nenhuma vaidade por candidatura. Tem que haver discussões dentro do PT e da FPA para que a gente possa colocar os melhores jogadores em campo. Se a direção do PT achar que sou um bom jogador estarei à disposição. Sou uma pessoa de nome limpo e sem restrições no campo judicial. Acho que o PT tem um nome leve e basta o interesse tanto do PT quanto das lideranças regionais”, explicou.
Problemas familiares
Recentemente, um sobrinho e um irmão de Zico Bronzeado ocuparam as manchetes poli-ciais por uma briga que acabou vitimando duas pessoas. O ex-parlamentar explica que apesar do parentesco pouco pôde fazer. Lamenta as mortes e espera a Justiça. “Toda família tem problemas. Infelizmente aconteceu uma barbaridade envolvendo um irmão e um sobrinho meus. Foram duas famílias humildes que perderam muito por causa de dois irresponsáveis saindo da adolescência. Complicaram a vida de duas famí-lias de trabalhadores. Como sou político a imprensa associou a mim por ser um sobrinho meu. Estou tranqüilo e como cidadão espero que seja feito a justiça. Mas foram dois irresponsáveis que fizeram que a duas famí-lias tivessem prejuízos tanto material quanto moral. Eu sou solidário a família que teve essa perda de duas vidas e também aos meus parentes que estão nessa situação presos numa penitenciária.
Todos são vítimas desse sistema, da falta de emprego e de uma boa formação. São pessoas que vêm da zona rural e não têm a estrutura necessária para se instalarem nas cidades e acabam se envolvendo no mundo das drogas e da falta de compreensão. Como sou de uma família humilde sei que não dá para transformar todo mundo de uma hora para outra em deputado ou em doutores. Minha família tem 10 irmãos que nunca tinham criado problemas. Fui vereador por 8 anos, deputado federal, meu pai era sindicalista que substitui o Wilson Pinheiro na presidência do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasiléia. A minha família não tem a pecha de ser violenta. Mas aconteceu com um membro. Espero que seja passado uma borracha e a Justiça seja ágil e coloque os culpados nos seus devidos lugares. Vamos olhar para frente na esperança que não aconteça mais nada entre essas famílias. Mesmo porque toda essa confusão envolveu mortes e não se pode desejar isso para ninguém”, justificou.