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Com projeto piloto, Ufac desburocratiza revalidação de diplomas

Janilson Lopes, Presidente da AMN (Associação Médica Nacional)

Depois de sofrer incontáveis queixas por parte dos acreanos formados em Medicina em universidades fora do Brasil, a Ufac (Universidade Federal do Acre) adotou um novo método para a revalidação dos diplomas estrangeiros. A instituição aderiu ao Projeto Piloto de Revalidação de Diplomas de Medicina, criado em parceria entre o Ministério da Educação e da Saúde.

Pelo novo método, os candidatos realizarão um exame nacional elaborado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). As provas serão realizadas em duas etapas: teó-rica e outra de observação das habilidades clínicas adquiridas. Os exames vão ser aplicados em Brasília. As inscrições começaram no dia 18 do mês passado e encerram-se na sexta-feira da próxima semana.

Elas podem ser realizadas na pró-reitoria de graduação da Ufac. “As universidades que aderiram ao projeto piloto servem apenas como porta de entrada para as inscrições e homologação das mesmas”, diz Renildo Moura da Cunha, pró-reitor de graduação da Ufac. Todo o resto do processo, afirma, será conduzido pelo Ministério da Educação. Para Cunha, este novo método de revalidação é menos burocrático e mais democrático.

Segundo o pró-reitor, caso a experiência deste projeto piloto seja bem-sucedida a Ufac irá extinguir seu antigo processo de revalidação de diplomas. Mais exigente e lento, a antiga avaliação acabava por parar na Justiça, com candidatos insatisfeitos com o resultado. Duas vezes ao ano, a Ufac abria 20 vagas para que os formados no exterior pudessem ter reconhecido sua graduação.

O processo se dava por uma avaliação rigorosa de toda a documentação exigida. Uma das etapas era a comparação entre a grade curricular do curso da universidade de origem com a da Ufac, a equivalência entre disciplinas e conteúdos. Nos últimos meses a única universidade pública do Acre passou a ser pressionada por setores políticos depois de que a situação dos estudantes de Medicina na Bolívia passou a ser exposta, e ganhou força em período eleitoral.

“Entendo que há escassez de vagas nas universidades brasileiras, por isso tantas pessoas indo para o exterior. É preciso cobrar uma certa qualidade, que não deve extrapolar a nossa, já que não temos essa qualidade toda, mas que deve estar, pelo menos, no mesmo nível da daqui”, defende Cunha.
Formado em Medicina em Cuba, Janilson Lopes acusa a Coordenação do curso de Medicina da Ufac de ser corporativista e fazer uma proteção de mercado para seus acadêmicos. Presidente da AMN (Associação Médica Nacional), que reúne profissionais graduados no exterior, Lopes afirma que o Acre enfrenta o grave problema da falta de médicos. “Temos uma população carente da atenção médica, mas não há disposição para que nós possamos exercer a profissão legalmente”, critica.

 

 

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