Ansiedade e desespero. Um misto destes dois sentimentos é o que toma conta das 25 famílias da chamada invasão “Ilson Ribeiro II”, Estrada do Calafate. E o motivo para tal sensação, explicam os ocupantes, é que foi prometido para esta semana, por uma equipe da Secretaria municipal de Habitação, uma resposta concreta a respeito da situação em que estão vivendo desde o dia 8, quando homens da Sehab foram ao local e disseram que os ocupantes deviam deixar a área para a construção da rede de esgoto das casas do programa nacional de habitação PSH que estão sendo feitas perto do local.
A ansiedade se faz presente por conta do desejo dos moradores de resolver logo a questão para que possam viver novamente em paz, assim como sempre tem sido nos últimos 2 anos, quando começaram a se apropriar dos dois lotes de terra da região.
Já o desespero é porque a decisão tomada pela secretaria pode não ser a melhor para eles e sim para o programa. Assim, as 25 famílias temem ser despejadas e não ter para aonde ir, talvez pelos próximos 4 meses (eles foram cadastrados para as casas do PSH no local, mas estas só ficarão prontas em junho. Até lá, os moradores contam que ficariam desabrigados e a Secretaria já teria assinalado que não os ajudará no período).
Segundo Elilda França, moradora da ‘invasão Ilson Ribeiro II’, o impasse com a Prefeitura está causando inúmeros transtornos aos ocupantes da região. A dona-de-casa conta que o medo de perder o lar está fazendo com que os habitantes não deixem mais a área. Por tal razão, alguns já perderam o emprego e não têm mais fonte de renda, famílias estão passando fome e até algumas crianças já estão faltando à escola.
“Só queremos uma solução definitiva; que assegure de verdade um lugar digno para vivermos, já que eles dizem que aqui não podemos ficar. Quando o pessoal da secretaria veio da 1ª vez, disseram que era para sairmos e pronto. Nós nos reunimos e fomos conversar com eles. Daí, nos asseguraram que não seriamos despejados. Então, fomos cadastrados no PSH, mas aí eles disseram que teríamos de sair daqui até as casas estarem prontas. Não temos condições de sair, até porque tudo o que eles alegam é de palavra. De concreto mesmo, não há nada. Nenhuma garantia”, desabafou ela.
Outra moradora da ocupação, Valdenira Viana dos Santos, relata que a atual situação dos moradores é crítica. “Se sairmos de casa, a gente perde tudo. Por isso, temos que ficar de vigia para que não nos expulsem. Há uns 10 dias, não tinha ninguém na residência de uma senhora, daí o pessoal da prefeitura veio e a derrubou. Agora, estamos com muito medo de que aconteça com o resto de nós. Muitos já perderam o emprego, nossas crianças estão passando fome, algumas já adoeceram, mas é difícil até levá-las num posto. Queremos uma resposta imediata para resolver isso”, cobrou ela.
Conforme outros habitantes da ‘invasão’, caso mais famílias comecem a ser expulsas de repente, os desabrigados começarão a se apropriar das casas que estão sendo construídas para o Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH). De acordo com os ‘ocupantes’, a atitude da prefeitura esperada para esta semana foi prometida pela Secretaria de Habitação, na primeira visita, no dia 8 deste mês.