Surpreendentemente, a maioria dos deputados apareceu para trabalhar, ontem, na primeira sessão depois do Carnaval, na Aleac. Em ano eleitoral ninguém quer passar por relapso e preguiçoso. É preciso mostrar serviços aos eleitores. Ainda que na realidade sejam os mesmos parlamentares que continuem a ocupar a tribuna para fazer os debates sobre os problemas acreanos preferenciais da oposição: Saúde e Segurança Pública. Mesmo assim, os “silenciosos” pelo menos demonstram estar mais interessados nas contendas verbais entre situação e oposição.
Parece que as eleições garantirão um ano de grandes debates na Aleac. Mesmo na ressaca carnavalesca os ânimos estiveram exaltados na sessão de ontem. O líder do governo, deputado Moisés Diniz (PCdoB) admitiu. “Em ano eleitoral a adrenalina se eleva e os ânimos ficam a flor da pele”, argumentou. Mas depois da saraivada de acusações da oposição ele também se exaltou. “Quando vocês oposicionistas atacarem a nossa honra nós também vamos responder a altura”, esbravejou se referindo a expressão “saco de ratos” publicada no blog do deputado Calixto (PSL). “A minha filha vai pensar que sou um ladrão”, lamentou. Num aparte Calixto respondeu: “e quando o ex-governador Jorge Viana (PT) nos chamou de ‘balaio de gatos’? Não são só vocês que têm filhos”, reagiu.
Para entender o clima da sessão
Os oposicionistas ocuparam, como sempre, a tribuna antes da situação e começaram a falar sobre o Carnaval no Arena. No começo, elo-gios à organização e ao fato de ter havido um baixo número de registros policiais. Mas aos poucos os elogios se transformaram em críticas contundentes.
Deputados de oposição como N. Lima (DEM), Calixto (PSL) e Donald Fernandes (PSDB) usaram o mesmo argumento. “O Carnaval num cercado com centenas de policiais não pode servir como parâmetro para avaliação da situação da Segurança Pública no Acre”, disse Calixto. Donald foi mais agressivo e sentenciou: “era um curral carnavalesco. O senhor tocava o gado com tacão e ferrão para que todos fossem bem disciplinados e seguissem a direção pretendida. Sempre dando a falsa impressão de que todos estavam alegres”, ironizou.
Para N. Lima foi muito fácil controlar os foliões. “Os policiais militares trabalharam bem. Mesmo os estagiários cumpriram o seu papel. Mas não era preciso muita logística para vigiar 40 mil pessoas num quadrado”, contestou. Donald aproveitou e elogiou o pessoal da Saúde que, segundo ele, conseguiu atender satisfatoriamente os foliões. Também achou que o fato da cerveja, no Arena, custar R$ 3 refreou os ânimos dos beberrões.
O contra-ataque
Mais uma vez, Moisés Diniz subiu o tom do debate. “Não se pode dizer que 40 mil pessoas, estudantes, trabalhadores, pais de famílias, sejam bois. Enquanto assistimos uma pancadaria entre foliões na Meca do Capitalismo, São Paulo. Também mais de 73 pes-soas foram presas no Rio de Janeiro durante o Carnaval por estarem urinando nas ruas, nós aqui estamos usando segway em praças onde durante outros governos da atual oposição se desovava corpos. A oposição precisa aprender a reconhecer os avanços do nosso Governo”, bradou.
O presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), comentou o teor do debate na tribuna com a imprensa. “Todo assunto que mexe com a sociedade acaba sendo tema de debate aqui na Casa com diversos olhares. Acho que a população acompanhou e vivenciou a realização do Carnaval e tem um juí-zo de valor a respeito da organização e do sucesso que foi o evento. O debate aqui toma outros contornos que é o da política com cada um enfocando os fatos da maneira mais esquisita. Mas na política é assim mesmo”, salientou.
Quanto ao pedido feito mais uma vez pela oposição para convocar a secretária de Segurança, Márcia Regina, Magalhães explicou: “depende do plenário da Casa que na semana que vem votará os requerimentos. Se o plenário aprovar a gente vai fazer o convite à secretária de Segurança, mas temos os prazos regimentais para que o convite seja aceito. Tudo ainda vai depender do posicionamento do plenário”, finalizou.