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Falácias: ditas para enganar!

Um fato é um estado de coisas, quer dizer, um objeto, uma condição, uma circunstância ou um evento. A realidade é composta de incon-táveis estado de coisas. O terremoto no Chile é um estado de coisas e, como tal, um fato.

Os fatos com con-seqüências drásticas que ocorrem, no presente momento, em todas as instâncias ou segmentos da nossa existência terrena, mesmo mascarados pelo sistema dominante, por mais otimistas que sejamos, estão deixando seqüelas brutais; já que estão longe de serem extirpados da vida nossa de cada dia. Não há euforia do pós carnaval, utopias governamentais por conta dos rios de dinheiro que serão derramados nos cofres esta-duais, via PAC, tendo em vista, especialmente, as eleições gerais que ocorrem este ano; muito menos não dá para levar à sério umas e outras baboseiras e prognósticos de mentes brilhantes, que nos façam esquecer tão rapidamente as mazelas advindas desse estado de coisas; pois que estão aí permeando a atmosfera terrena.

Um fato aviltante, contra nós pagadores de impostos, é a falácia ou os falsos argumentos “deles”. Eles quem? Bem, o falecido Jânio Quadros (antigo né?) dizia que “eles” nada mais são do que  “forças ocultas”. Então, eles querem nos fazer crer que a violência, propriamente dita, a fome e as doenças físicas: câncer, aids, tuberculose, rota vírus, gripe suína, dengue (dengue? Hummm!), etc. é uma realidade sustentável. Não é! No campo da violência urbana, por exemplo, temos testemunhado, que nem vendedor de picolé, essa figura simpática da cultura de todas as cidades, possui mais imunidade contra assaltos.

A realidade atual, sem ser camuflada, olhada de frente, seja ela política, social ou econômica é desa-lentadora e indesculpável em  relação às normas jurídicas e morais. Por extensão, é uma realidade desumana, em todos os seus aspectos. Exemplo crasso do que digo é a situação carcerária brasileira. Pense nas conseqüências  em que estão metidos: o governo estadual, os presos; os funcioná-rios do presídio, os familiares dos detentos a partir das experiências quase rotineiras de rebeliões enfrentadas pelo sistema prisional, que vivem diuturna-mente as agruras das rebeliões, aqui ou alí, e que nós todos sabemos, acabam quase sempre, com um saldo altamente traumático, principalmente, para os reféns, que  vivem o drama. Situação vexa-tória para os comandantes da República, que resolveram, por suas ações, virar às costas para um problema tão sério. Pense!

Abro parêntese para fazer menção ao filósofo francês contemporâneo Jean-François Mattei, ao aludir sobre os  conflitos de ruas em alguns subúrbios parisiense, acontecidos em dias idos, que quase arrastaram a França para uma convulsão social, afirmou que o Estado não deu uma resposta convincente para o problema, por conseguinte, a República parecia entrar em falência. Ocorre que essa é a realidade em todos os lugares, nos quadradantes da terra.

 O Estado não responde convincentemente.  Assim, as minhas afirmações não são de caráter fenomenológico, no sentido de tornar aparente  aquilo que costuma ser imperceptível; a situação que se nos apresenta é de uma obviedade total; realidade  transparente, aberta, a todas as pessoas, uma vez que os fatos brutais estão bem perto de nós. Ademais, a sociedade, do tempo presente, dada às circunstâncias, tem que aprender a conviver com a morte brutal de seus semelhantes; fazer ouvido de mercador aos reclamos da gente sofrida;  fechar os olhos aos escândalos de extravio do erário público;  banalizar o roubo e assassinatos diários; admitir que usar drogas (entorpecentes alucinógenos) faz parte do contexto moderno.

A desilusão, o medo do futuro, principalmente agora com esses terremotos,  geram um sentimento de desesperança, por conta do desmoronamento dos ideais republicanos, levando milhões de pessoas,  dia-riamente aos balcões de reclamação dos programas apelativos de Tv; outros milhões de pessoas  buscam amparo e esperança para suas vidas, nos alçapões dos movimentos religiosos oriundos do cristianismo ou de outras fontes deno-minacionais, seitas ocidentais ou orientais, ocultismo, parapsicologia ou até mesmo o satanismo e outros adivinhadores de plantão.

Além disso, sejamos realistas,  só existem gotas de otimismo de que a vida vai melhorar; que este ano de 2010 só não será tão ruim para a gente, porque parece quase impossível que os governantes cometam erros maiores do que os deste ano que findou. Se bem, que esse otimismo advindo de gente entendida, de opinião consagrada junto aos segmentos sociais, cheiram a falácias, ditas para enganar!

* Francisco Assis dos Santos é professor e pesquisador (de gabinete) em Filosofia e Ciências da Religião.
E-mail: assisprof@yahoo.com.br

 

 

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