Relatório divulgado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres aponta o Estado do Acre como uma das rotas internacionais do tráfico de mulheres. O assunto será debatido durante o Seminário Internacional de Enfrentamento ao Tráfico Contra Mulheres, como parte da programação do 2º Fórum Social Acreano, previsto para ser realizado entre os dias 19 e 24 de julho deste ano, no auditório da Firb/Faao, em Rio Branco.
No Brasil, as rotas descobertas já passam de 200 e estão em constante mudança. Nos estados localizados em área de fronteira, como é o caso do Acre, o tráfico de mulheres foge aos olhos da fiscalização e ocorre seguindo os padrões conven-cionais de migração.
“Temos casos confirmados de meninas que deixaram o Acre para se prostituir no Peru e na Bolívia, da mesma forma que meninas daqueles países usaram o Acre como rota para se prostituir no Brasil”, revela Leide Aquino, assessora especial da Mulher no Estado.
Na ausência de dados ofi-ciais, a proposta é trazer autoridades dos dois países para discutir um plano de ação tripartite, onde Brasil, Peru e Bolívia atuarão como parceiros no combate ao tráfico de mulheres na região de fronteira.
A secretária de Estado de Desenvolvimento e Segurança Social, Laura Okamura, disse que as polícias Federal, Rodoviária Federal, Militar e Civil também serão convocadas para participar da discussão. “Muitas dessas meninas são levadas de suas casas com o consentimento das mães, por estas acreditarem que elas estão deixando o país em busca de um futuro melhor”, alerta Okamura.
Por isso, segundo ela, é que o trabalho não pode ser apenas de repressão. É necessário, antes de tudo, que seja feita uma ampla campanha de esclarecimento, onde as famílias sejam orientadas a lidar com esta realidade. Para os 6 dias de encontro, a secretária espera um público de 10 mil pessoas.
Curso de Advocacy – Ontem, 25, teve encerramento em Rio Branco o primeiro módulo do Curso de Advocacy, destinado às gestoras que atuam no combate a violência a mulher em todo o Estado. Participaram do evento, que teve duração de dois dias, 52 responsáveis pelas coordenadorias da mulher das cinco regionais do Acre.
Rosalina de Oliveira Souza é uma delas. Ela é responsável pelo Centro de Referência Vitória Régia e a Casa de Abrigo Juruá, ambos em Cruzeiro do Sul. Segundo ela, a violência contra a mulher na região é assustadora. “As mulheres passam de 10 a 12 anos sofrendo, só então é que tomam coragem para denunciar seus agressores”, revela.
Ela acredita que o trabalho que está sendo desenvolvido pelo governo, através da implementação de políticas públicas, pode ajudar a mudar essa realidade.