Os pais e parentes de Suzana Cristina, bebê de 3 meses que morreu na última quarta-feira, 17, por volta das 20h, com pneumonia e fortes suspeitas de dengue com complicações, estão inconformados com o atendimento que ela recebeu no Barral y Barral. Os familiares acusam a equipe do posto de ‘despreparo total’ e de ‘negligência médica’. Inclusive, eles até afirmam que se a menina tivesse recebido um tratamento adequado no Barral desde o começo, ela hoje ainda poderia estar viva.
Segundo os tios de Suzana, Henrique Castro e Grace Kelly dos Santos, a menina foi tão mal atendida no Barral que os médicos de lá chegaram a dizer que ‘não sabiam o que ela tinha’, que ela ‘devia estar bem’ e que ‘aquilo era só um resfriado’. Os tios moram com os pais da menina (Bruno Élson dos Santos e Cleocilene Farias de Souza), na Rua Senador Kairala, Estação Experimental. Por isso, eles acompanharam de perto toda a luta dramática de mais de 5 dias para tentar salvá-la.
“Ela começou a ter febre e dores pelo corpo. A nossa suspeita era de dengue. Então, na sexta-feira passada, nós a levamos logo ao Barral. Mas, chegando lá, nos deparamos com ‘profissionais’ que não tinham idéia do que estavam fazendo. Os enfermeiros a furaram toda porque não sabiam dar injeção. Uma médica chegou até a rir na nossa cara e disse que a menina não tinha nada demais”, comentaram.
Mas os relatos não param por aí. Conforme Henrique e Grace, a família não pôde assistir ao sofrimento da menina de braços cruzados. Por isso, eles suplicaram para transferi-la com urgência ao Pronto-Socorro. “Só que não nos deram ouvidos. Diziam que ela ficaria bem e que aquilo era normal, mas olha como acabou”, desabafaram os tios, apontando para o corpo inerte da bebê, que está sendo velada em casa.
Os tios também contam que somente na segunda-feira é que finalmente o Barral decidiu encaminhar Suzana ao Pronto-Socorro, onde ela já entrou direto na UTI. Porém, antes disso ainda houve outro problema. O posto deu o aval para transportá-la às 14h da tarde, mas só às 18h (4 horas depois) é que a ambulância do Samu fez a mudança. “Esse atraso todo no Barral e do Samu foram absurdos. Só no PS os médicos se empenharam em atender de verdade a nossa sobrinha. Devia ter sido assim desde o início”, disseram.
Vigilância Epidemiológica garante que investigará o caso
Informada por A GAZETA sobre as denúncias dos fami-liares, a responsável pelo posto Barral y Barral, Adriana Evangelista, garantiu que o caso será investigado a fundo, desde os prontuários de Suzana no posto (sexta, sábado e segunda) até o óbito da bebê (quarta, na UTI do PS). Até a próxima segunda-feira é provável que a Semsa já tenha alguma posição mais concreta sobre qual procedimento será adotado para a situação.
Havendo indícios de falha dos médicos ou de enfermeiros do Barral, a diretora de Assistência à Saúde explicou que acionará os órgãos competentes (CRM e Coren) para instalar uma sindicância e averiguar tecnicamente se as chances de erro procedem ou não. Caso os relatos de negligência e de descaso sejam confirmados, a gestora é categórica ao afirmar que tais profissionais serão devidamente punidos com a demissão, cassação de registro, entre outras penalidades.
“A nossa orientação dos gestores de Saúde é de contratar para o Barral y Barral aqueles médicos que tenham o máximo de dedicação no atendimento aos pacientes. Infelizmente, alguns profissionais acabam descumprindo isso. Para nós, é também uma grande tristeza saber da morte dessa criança”, disse.
Para confirmar se a causa da morte de Suzana Cristina foi realmente de dengue e pneumonia, o diretor da Vigilância Epidemiológica, Jeosafá César, explicou que é preciso analisar o material coletado pela equipe do Barral y Barral. Diante deste material da bebê, a Vigilância terá o prazo de 60 dias para investigar se a natureza da doença é de dengue hemorrágica, leptospirose ou gripe H1N1. De acordo com ele, até o momento foi confirmado apenas 1 óbito de dengue e 2 estão sob investigação (o de Suzana não está incluído).