Um estudo feito pelo engenheiro civil Oscar Soria Martins, formado na Universidade Santa Maria (RS), com graduação no exterior – Universidade Católica de Louvain (Bélgica) e Universidade Coimbra (Portugal) – realizou um estudo no Rio Acre nos últimos anos e constatou que o município de Brasiléia poderá perder parte de seu território localizado na região central.
O seu estudo, ‘programa de controle de meandro e monitoramento de barranco do Rio Acre’ em Brasiléia mostra que, entre os anos de 1997 e 2008, a dinâmica natural do rio provocará a erosão da curva que circunda os bairros Leonardo Barbosa e Samaúma, poderá romper dentro de poucos anos, já que foi registrado perdas de terreno na seção, mais de 15 metros nesse período.
O espaço que separa às margens, esquerda para direita obedecendo o curso natural do Rio, é de apenas 30 metros hoje. Os efeitos após o rompimento, segundo Oscar Soria, irá provocar uma serie de conseqüência devastadora, começando pela formação de uma ilha de 200 hectares que passará legalmente para o país vizinho, Bolívia.
O corte provocará destruição de ruas, uma escola próximo ao ponto crítico, juntamente com 30 moradias e, isolamento de outras 428 famílias, além de outras duas escolas. Conseqüentemente, o Rio voltará à sua estabilidade natural, onde iniciará um novo processo erosivo no fundo do leito até conseguir sua estabilidade hidráulica.
Outro fato assustador, seria os efeitos causados sobre pilares das pontes e casas localizadas nas margens passando pela região central da cidade, Cobija (Bolívia) e Epitaciolândia. Mas, nem tudo está perdido caso algo seja feito de imediato.
Em seu estudo, Soria apresenta uma defesa hidráulica, com instalação de barreiras defletoras permeáveis, em três fases, erguidas com bambus e canarana (espécie parecida com o bambu), que podem reorientar as linhas de fluxo do Rio, sendo capaz de captar parte do carregamento sólido (areia) durante às cheias e vazantes diminuindo o processo erosivo.
O resultado é apresentado como positivo, já foi feito no Rio Ichilo, (Chapare) na cidade de Puerto Villarroel, estado de Cochabamba, região central da Bolívia no ano de 1996. Segundo o estudo, do projeto até execução nos dois primeiros anos, poderão ser investidos pouco mais de R$ 250 mil reais, isto usando matérias naturais e mão de obra local.
Moradores relatam casos e preocupação
Durante visita no ponto crítico, foi constatado que o rio está formando uma cratera que está com mais de dois metros de profundidade por debaixo das casas, efeito causado durante as enchentes nos últimos anos. Um dos moradores do local, senhor João Oliveira Magalhães, de 57 anos, e que mora no local há 10, não esconde sua preocupação.
Segundo ele, já perdeu quase 20 metros de terreno para o rio nos últimos oito anos. Conta que sua esposa quase perdeu a vida, quando saiu do banheiro dois anos atrás, o mesmo foi levado pelo barranco que cedeu, escapando por pouco.
Juntamente com os vizinhos, vem plantando vários tipos árvores como bambu, apuí, limoeiro, abacateiro, jambo, tangerina bananeiras para que criem raízes no intuito de retardar a erosão nos barrancos.
Para espanto do engenheiro, o morador lhe mostrou que a pouco dias, do outro lado da rua, houve outro desmoronamento. Oscar Soria acredita que a distância diminuiu para menos de 30 metros.
Para João, se as autoridades não tomarem uma providência urgente, acredita que o rompimento poderá acontecer em menos de 10 anos. O fato de ser morador de outros País, não lhe agrada juntamente com outros moradores da região. (O Alto Acre)