Uma das regiões mais rica em madeira nobre, e cobiçada por madeireiros, do Acre, a região de florestas do Médio Iaco ainda neste ano será transformada em reserva extrativista (Resex). A criação desta unidade de proteção é um sonho antigo do padre Paolino Baldassari, o religioso que há décadas dedica sua vida em defesa das comunidades ribeirinhas e seringueiras daquela região.
O processo de criação da Resex tramita desde 2003 e tem todas as possibilidades de sair do papel até o final do segundo semestre. A última fase é a realização da consulta pública para saber da comunidade se ela aprova ou não a transformação da área em uma unidade de conservação. A previsão é que até o final de abril a consulta seja realizada, e então toda a papelada será enviada para o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade) em Brasília, que homologará o processo e o encaminha para a Casa Civil da Presidência da República.
A Reserva Extrativista do Médio Iaco terá uma área de 170 mil hectares, englobando mais de 20 seringais, e está dentro do município de Sena Madureira. De acordo com Alberto Iannuzzi, coordenador do Núcleo de Unidades de Conservação do ICMBio no Acre, esta reserva servirá como uma “ponte” para conectar várias áreas de proteção do Estado.
Entre elas estão a Resex Chico Mendes, Cazumbá Iracema, Floresta Nacional Macauã, Floresta Nacional São Francisco e a futura Resex Riozinho do Rola, que também espera o aval de Brasília. No local, estão mais de 300 famílias que vivem do extrativismo e agricultura familiar. Em análise inicial, foram catalogadas 382 espécies animais. Destas, 12 estão no Livro Vermelho dos animais ameaçados de extinção, entre eles está o tamanduá-bandeira, o cachorro-vinagre, o gato-marajá e a onça-pintada.
Já entre a categoria de madeiras nobres há uma vasta quantidade de mogno, cedro e cerejeira. Com uma cobertura florestal de 80%, o Acre tem 31,10% de seu território protegido por unidades de conservação.