Uma caravana de 90 pes-soas de Vila Campinas, distrito de Plácido de Castro com 5 mil habitantes, teve um dia agitado ontem. A comitiva foi organizada pela Comissão Pró-Campinas Município para vir até Rio Branco protestar em frente à Assembléia Legislativa (Aleac). O grupo vinha com o objetivo de mostrar aos deputados um ofício pedindo o plebiscito para votar a emancipação do bairro ao status de município, além de um requerimento para colher à assinatura dos parlamentares. Não foi como o planejado, mas no final deu quase tudo certo.
A comitiva saiu de Vila Campinas logo cedo pela manhã, às 7h, em um ônibus com 57 passageiros e mais alguns carros com 33 pessoas. Ao chegar perto da Capital, no posto da Polícia Rodoviária Federal da BR-364, o ônibus foi parado por agentes do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e da PRF. Após ½ hora de vistoria, os policiais apreenderam uma caixa de fogos de artifício e uma faca que um dos passageiros trazia.
“Eles disseram que é uma inspeção de rotina. Contudo, eu não entendo o motivo disso. Nós já tínhamos anunciado que faríamos este ato na Aleac de forma pacífica. Para mim, isso foi desnecessário. Só serviu para deixar o nosso pessoal assustado. O cidadão comum tem direito ao livre arbítrio; de protestar por seus direitos”, desabafou Gildomar Oliveira Gomes, o ‘Charqueiro’, membro da Comissão Pró-Campinas Município.
O ônibus foi liberado e seguiu, sob escolta policial, para a Aleac. Por volta das 9h45, a comitiva se organizou na praça Eurico Dutra, em frente à Assembléia Legislativa. Empunhando cartazes de ‘Queremos a emancipação já’, finalmente eles conseguiram realizar o protesto, denunciando que políticos acreanos abandonaram o distrito, que a administração de Plácido é ‘péssima’ e que a vila hoje está relegada ao esquecimento.
Com a emancipação, luta que a comissão trava há mais de 15 anos, Charqueiro conta que os 5 mil moradores de Vila Campinas teriam verdadeiros representantes políticos. Assim, mais benefícios seriam trazidos ao local, mudando sua atual realidade. “Teríamos arrecadação própria, Fundo de Participação dos Município (FPM), além da captação e plena aplicação de repasses federais”, citou ele. A população do distrito trabalha para que o plebiscito de emancipação seja realizado ainda nestas eleições.
Aleac é favorável à emancipação
Para levar o ofício de solicitação do plebiscito ao TRE, a comissão de Vila Campinas precisa do apoio da Aleac. E isso eles tem. De acordo com o presidente da Casa, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), a Assembléia possui posição favorável à emancipação deste e de outros dois distritos (Humaitá e Santa Luzia) desde que ficou concluída a CPI dos Limites, constatando a viabilidade e necessidade de emancipação.
“Eles vieram com os documentos para o plebiscito, nós os analisamos e vimos que são plausíveis. Por isso, estamos encaminhando ao TRE o pedido e o relatório da nossa CPI dos Limites como complemento. Na verdade, existe uma lei no Congresso Nacional responsável por tal decisão. A proposta da comissão é pedir o plebiscito para antecipar este processo”, declarou Edvaldo Magalhães.
Denúncias junto ao MPF
Além de pedir o plebiscito, a comitiva também protocolou uma carta-denúncia junto ao Ministério Público Federal (MPF/AC). Na carta, a população de Vila Campinas relata os problemas da comunidade (falta de estrutura em ramais, em saneamento, em iluminação pública, em saúde, em educação, etc) decorrentes do que eles denominam de ‘omissão de políticos’ e de ‘improbidade administrativa’ da gestão municipal de Plácido de Castro. A comissão pede que o MPF acione a Controladoria Geral da União para que fiscalize a aplicação de recursos destinados à prefeitura do município em questão.