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Participação da mulher na política ainda é tímida

Segundo levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), de cada cinco assentos nos parlamentos do mundo, apenas um pertence a uma mulher. No Brasil, dos 513 parlamentares da Câmara dos Deputados, só 45 são mulheres. No Senado, são 81 homens e apenas 11 mulheres. De acordo com o IBGE, elas ocupam menos de 10% dos cargos políticos existentes no país.
No Acre, a situação não é diferente. Na Assembléia Legislativa, apenas cinco das 24 cadeiras são ocupadas por mulheres. Na Câmara de Vereadores de Rio Branco, a participação feminina se resume a vaga contra 13 do sexo masculino. Em âmbito federal, o Estado conta com uma senadora e uma deputada federal.

Como se vê não é por acaso que, em ano de eleição, os partidos literalmente enlouquecem a caça de candidatas para preencher a cota de 30% exigida por lei. Por que será que isso acontece? Por quê a participação das mulheres nas disputas eleitorais ainda é tão tímida?
A deputada estadual Antônia Sales (PMDB) diz que os partidos políticos são os principais culpados pela falta de interesse da mulher pela política. “Eles só correm atrás da gente quando é para preencher os 30% exigidos por ele, depois desaparecem”, diz a parlamentar ao criticar a falta de estrutura.

Ela diz que se não fosse o apoio do marido – Wagner Sales, prefeito de Cruzeiro do Sul – ela não teria como tocar o seu mandato. “Não é fácil percorrer cinco municípios do Juruá por conta própria, mas faço, por isso defendo que os partidos têm que dar mais estrutura para fortalecer suas bancadas femininas”. A peemedebista vai mais além na sua crítica: “para muitos homens, a mulher não passa de um voto”.

Idalina Onofre, deputada estadual PPS, reconhece a importância da mulher na política e disse que o seu partido centra esforços para aumentar o número de candidatas nas eleições deste ano. Ela critica o desrespeito em relação às cotas para o sexo feminino e espera que sejam criados mecanismos para punir os partidos que descumpre a exigência legal.

Para deputada Dinha Carvalho (PR), os partidos são muito preconceituosos. Ela defende a criação de uma Bancada Feminina na Assembléia Legislativa (Aleac), como forma de nivelar o debate, colocando na pauta de prioridades a questão da mulher. 
Única representante feminina na Câmara de Rio Branco, a comunista Ariana Cadaxo, acrescenta que o preconceito começa dentro dos próprios partidos. “Nossa capacidade vive sendo testada, avaliadas, por isso, temos que ter muita persistência e foco naquilo que queremos”, diz.

A mulher precisa descobrir o poder que tem, diz Perpétua
Na avaliação da única representante acreana na Câmara Federal, Perpétua Almeida (PCdoB) ainda são poucas as mulheres no parlamento porque elas não descobriram o poder que têm. “Eu entendo que não é fácil abrir mão da carreira, se desdobrar para não deixar os filhos em segundo plano, assim como a vida pessoal, mas o Brasil precisa da força feminina”, incentiva.

O sonho da parlamentar é que a participação da mulher na Assembléia Legislativa do Acre chegue a 50%. “Eu particularmente estou em campanha dentro do meu partido para convencer as mulheres a disputar uma vaga na Aleac. Temos exemplos maravilhosos na política local, nacional e internacional”, observa, destacando a seguir os nomes de Naluh Gouveia, Marina Silva, Heloisa Helena, Rita Camata, Indira Ghandi e Ângela Merkhel.

Facilidade de acesso aos portadores de necessidades especiais
A vereadora Ariane Cadaxo (PCdoB) mantém sua atenção voltada para a defesa das classes consideradas como menos favorecidas e carentes da Capital. Ela usa a tribuna da Câmara de Rio Branco para cobrar o cumprimento das leis e maior respeito aos direitos da mulher, da criança e do adolescente, do idoso e dos portadores de necessidades especiais.

A parlamentar vem enfatizando com afinco a importância de o poder público e da própria sociedade apoiarem as instituições que lidam diretamente com os portadores de necessidades especiais, como é o caso da Apae e da Escola Dom Bosco. Para ela, não basta o país criar leis que beneficiem esse público, é preciso investir na estrutura e garantir o cumprimento integral das normas.

“Acredito que as cobranças e os debates na Câmara irão desencadear outras discussões pertinentes, como é o caso da própria Lei da Acessibilidade (10.098/2000), onde podemos avaliar se as regras de inclusão estão sendo mesmo colocadas em prática, quais os avanços obtidos até o momento e o que mudou”, destaca a vereadora.

Ariane Cadaxo tem visitado as instituições que trabalham com os portadores de deficiência na Capital para saber a real situação de cada uma delas. Durante as visitas, ela conversa com as crianças e jovens atendidos por essas entidades para ter ciência de como realmente funciona o acesso nas ruas, na escola e nos serviços de atendimento ao público em geral.

“Temos a lei que determina o acesso dos portadores de deficiência à educação, no ensino normal, mas, observamos as dificuldades na sua aplicabilidade. Esses obstáculos vão desde a falta de condições físicas das instituições até ao despreparo nos recursos humanos”, acrescenta Ariane Cadaxo.

A vereadora defende na Câmara de Rio Branco a implantação de cadeiras inclusivas nas escolas municipais e particulares para atender os alunos portadores de necessidades especiais.

No fim do ano passado ela prestou homenagem aos atletas acreanos que participaram das Paraolimpíadas Nacionais. “É preciso criar leis que beneficiem essas pessoas, mas é preciso estimulá-las e estar atendo para ver se as regras de inclusão estão sendo aplicadas”. (Assessoria)

 

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