O que está acontecendo com nossa cidade? Sinceramente, não há outra pergunta a se fazer diante do cenário assustador que a cri-minalidade de Rio Branco assumiu. Assassinos, ladrões e traficantes já tomaram (ou estão tomando) conta das periferias, com casos que cada vez mais estão lotando as páginas policiais de absurdos. E o pior é ter de assistir enquanto pes-soas de bem (aquelas que ainda precisam de ajuda para superar a vulnerabilidade social) aos poucos são suprimidas pelo medo.
De fato, o assassinato do agente penitenciário Roney Barbosa Vidal, 31 anos, ocorrido no último domingo, com a suspeita de ter sido uma ‘execução’ feita por um presidiário, é só mais uma prova clara de que as periferias da cidade hoje se tornaram um verdadeiro centro de formação para criminosos. Uma ‘escola’ em que os ‘alunos’ aprendem desde cedo a matar, roubar, estuprar, traficar e torturar.
E para os seus ‘estudantes formados’, já não há mais consciência ou compaixão alguma. Já não há mais desculpa de pobreza, miséria ou necessidade. E o pior: já não há mais respeito ou medo algum da parte deles. Até os servidores da Segurança Pública (como Roney e todos os 7 PMs que morreram no último ano) viraram presas, ao invés de predadores. Nem suas esposas estão livres da dor de chorar a sua morte. Agora, imagine o cidadão comum, pacífico, indefeso, sem treinamento e sem arma. Como será que ele se sente?
Mais chocante ainda é saber que este ‘poderio do crime’ avança numa proporção em que logo não haverá mais controle das autoridades públicas de repreensão, nem restrições de espaço. Com pequenos passos, a marginalidade dos bairros afastados passará para lugares tradicionais, seguindo direto às áreas centrais. O resultado: será o fim da paz, numa cidade em que ninguém mais poderá sair de casa sem ter medo de se tornar a vítima da próxima.
Portanto, que fique uma crítica não para autoridades, governos, empresas, órgãos e demais competências da Segurança Pública. Aliás, todo trabalho para evitar o crime deve ser ressaltado, e não criticado. Porém, é preciso rever o que vem sendo feito para combater este avanço da ‘Educação Criminal’. Não adianta tentar se enganar dizendo que está tudo bem, por que não é preciso ser nenhum especialista para saber que isso não condiz com a realidade destes bairros.
* Tiago Martinello é jornalista e-mail: [email protected].