A pista do Aeroporto de Rio Branco ‘Plácido de Castro’ está em atividade desde 1999. Neste ínterim, a manutenção prestada ao longo dos mais de dois mil metros da área de pouso e decolagem, mais o pátio de estacionamento, não tem sido o ideal para garantir uma pista bem conservada e segura. A constatação disso foi observada no último domingo (11), quando o Airbus A320 da TAM Linhas Aéreas ficou “atolado” quando fazia a manobra de parada.
Nem mesmo o trator usado para rebocar as aeronaves foi capaz de retirá-lo do buraco, tão grande era a profundidade. Segundo alguns passageiros, o comandante do avião comunicou que o asfalto tinha cedido por conta da alta temperatura no momento do pouso. O vôo 3775, vindo de Brasília, tem hora de chegada às 13h15. É nesse horário que o sol do “verão amazônico” costuma mostrar a sua força.
Mas, muito mais do que culpa de fatores climáticos, o caso inusitado revela o não cuidado com a pista. Há muito tempo que o problema vem sendo alertado pela sociedade. As companhias aéreas ameaçaram até parar de operar no Acre. Desde o ano passado, o serviço de recapear a pista é realizado pelo 7º BEC (Batalhão de Engenharia de Construção).
Em entrevista no começo do ano, Daniel Sobrinho, superintendente da Infraero no Acre, afirmou que a estatal terá disponível este ano R$ 28 milhões para o serviço de recuperação da pista. O Aeroporto de Rio Branco opera atualmente com mais de 80% de sua capacidade instalada. Projetado para uma movimentação de 270 mil passageiros por ano, em 2009 o número de pessoas que embarcaram e desembarcaram chegou a 364 mil.
Duas companhias aéreas operam com aviões de grande porte, o que acaba por desgastar mais o terreno da pista. Além do A320 da TAM, a Gol Linha Aéreas usa a frota do Boeing 737-200. Recém-chegada ao Estado, a Star Peru mantém vôos com o Bae 146-100. A previsão é de que, ainda neste ano, uma companhia boliviana passe a operar na Capital.
Com os acreanos voando cada vez mais, a manutenção e recuperação da pista é essen-cial não só para garantir o direito de ir e vir da população, como também o de desenvolvimento do Acre, que, distante do resto do país, tem na via aérea a principal forma de encurtar essa distância.
Em resposta ao deputado Gladson, Infraero garante conclusão de obras na pista para dezembro
O emperramento do avião da TAM na pista do aeroporto Plácido de Castro, em Rio Branco, na tarde deste domingo,11, não surpreendeu o deputado federal Gladson Cameli (PP/AC), que há vários meses questiona a Empresa de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) em Brasília acerca das obras de manutenção no aeroporto acreano.
O deputado, que era um dos passageiros do vôo da TAM 3575, que afundou suas rodas traseiras na pista de pouso afirmou que a situação já chegou ao limite máximo. “O asfalto da pista está se despedaçando e esta é uma situação que coloca em risco todo um procedimento técnico, podendo causar transtornos irreparáveis na vida dos passageiros”, disse ele.
Coincidentemente, na última sexta-feira, 09, o deputado recebeu em seu Gabinete uma resposta do presidente da Infraero, Murilo Marques Barboza, a respeito do Ofício 025/2010 requerendo informações acerca do cronograma de obras na pista do aeroporto de Rio Branco.
No documento, a Infraero justifica a demora para conclusão dos serviços e informa que o início das obras está previsto para o mês de abril (o atual), quando começam a cessar as chuvas.
A conclusão, por sua vez, está prevista para dezembro.
O presidente da Infraero encaminhou ainda para o deputado Gladson Cameli um relatório fotográfico da usina de asfalto instalada no aeroporto e a planta baixa com as etapas dos serviços a serem executados na pavimentação do sistema de pistas e pátios do Complexo Aeroportuário.
Problemas começaram há dois anos
No ofício em resposta ao deputado Gladson Cameli, o presidente da Infraero relatou o processo de manutenção da pista de pouso do aeroporto de Rio Branco, e disse que para solucionar imediatamente os problemas existentes na pista de pouso, foi celebrado um Termo de Convênio com a Diretoria de Obras de Cooperação (DOC) do Departamento e Engenharia e Construção (DEC) do Comando do Exército para a execução de reparos emergenciais.
Segundo ele, as intervenções realizadas por meio do convênio têm garantido as condições operacionais do sistema de pistas e pátios do aeroporto.
Em 2009, a Infraero celebrou novo instrumento, desta vez um Termo de Cooperação Técnica Financeira junto ao Exército para executar a intervenção conclusiva em todo o sistema de pistas e pátios do complexo aeroportuário.
O cronograma da obra prevê a mobilização e instalação do canteiro do primeiro semestre de 2010. Para dar início a essa fase, o planejamento logístico já mobilizou para o local a equipe, os insumos básicos e os equipamentos mecânicos, dentre eles uma usina de asfalto para garantir a qualidade e execução dos serviços.
Deputado já havia alertado sobre riscos
O Gabinete do parlamentar em Brasília enviou no mês de março o ofício de número 025/2010, requerendo informações sobre a execução dos serviços de recapeamento da pista já que as reclamações das empresas que fazem a malha acreana tornaram-se constantes.
Gladson também está entre os deputados federais do Acre que vêem exigindo a construção de uma nova pista de pouso e decolagem no aeroporto da Capital.
A informação foi repassada pelo brigadeiro-do-ar Cleonilson Silva, em resposta ao deputado em julho de 2009, que pediu providências da Infraero em virtude das más condições da pista.
Na época Cameli disse: “O Acre está presenciando uma tragédia anunciada em relação a pousos e decolagens que estão sendo executados no aeroporto de Rio Branco”.