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Trabalhadores dos ônibus ameaçam parar

Os trabalhadores do sistema de transporte coletivo de Rio Branco ameaçam fazer greve caso não sejam atendidos em suas reivindicações. Desde abril, o sindicato da categoria e o sindicato das empresas se reuniram três vezes, mas não houve acordo. “Os empresários não valorizam motoristas, cobradores, mecânicos e os profissionais que fazem esta cidade se movimentar”, queixa-se a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes, Celina Costa.

Os trabalhadores reclamam da jornada estressante de serviço que começa às três horas da madrugada e vai até às 14 horas, sem direito a café da manhã e almoço. “Quem não tem dinheiro passa fome”, revela o motorista José Afonso, vice-presidente da entidade. “O pior de tudo é que motorista e cobrador não podem fazer greve, pois a população acredita que a tarifa vai aumentar. Mas não existe necessidade, pois o lucro das empresas é fabuloso. Por que eles não mudam de atividade quando dizem que este empreendimento é deficitário? Vão apostar na bolsa de valores!”, argumenta Afonso.

Celina e a diretoria atual do sindicato estão preocupadas porque, geralmente, as greves são consideradas como fator para revisão do valor da tarifa. “Mas não é bem assim. A lucratividade deste setor de serviços é exorbitante. Com a instalação das catracas eletrônicas o lucro é total. Além disso, a população cresceu e a empresa reduziu o intervalo entre ônibus, ampliando o índice de passageiros por quilômetro rodado. Não existem mais passageiros sentados, a população sente isso na pele diariamente”, comenta Celina.

E os empresários não podem reclamar de despesas com manutenção por conta de más condições das vias públicas. “As linhas só ocupam as ruas consideradas filé. A Prefeitura de Rio Branco tem feito investimentos pesados na conservação e ampliação das vias por onde passam ônibus”, comenta Celina.

Para dar uma idéia da indignação da classe, Celina informa que um cobrador tem vencimentos líquidos inferior a um salário mínimo. “O que queremos, mais do que índices de reposição salarial e benefícios, é respeito. Queremos que a população tenha um transporte de qualidade, mas, para tanto, é preciso valorizar esta categoria tão sofrida”, diz.

Celina informa que a categoria está exigindo apenas o que já é respeitado em várias capitais brasileiras, como jornada de sete horas de trabalho sem intervalo. “A intrajornada é um pesadelo para motorista e cobrador, porque se trata de uma folga inútil e estressante no ponto final da linha ou no terminal de ônibus. Quem quer relaxar assim?”, pergunta.  (Assessoria)
 

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